Nos últimos cinco anos, a região de Campinas (SP) registrou um aumento alarmante de 127% nos atendimentos por Acidente Vascular Cerebral (AVC), evidenciando uma preocupação crescente com a saúde da população. Em 2020, foram contabilizados 15.357 atendimentos no Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas. Esse número saltou para impressionantes 34.970 em 2024. Neste artigo, analisaremos as causas desse aumento e ouviremos relatos de pacientes e especialistas sobre os desafios enfrentados após um AVC.
O crescimento assustador dos casos de AVC
De acordo com dados do DRS, a escalada no número de atendimentos por AVC é significativa. Com um crescimento exponencial a cada ano, os dados de 2021 a 2025 mostram a gravidade da situação:
- 2020: 15.357 atendimentos
- 2021: 26.169 atendimentos
- 2022: 32.524 atendimentos
- 2023: 33.524 atendimentos
- 2024: 34.970 atendimentos
- 2025: 7.673 atendimentos registrados entre janeiro e março
Esse aumento não pode ser ignorado, uma vez que indica uma mudança preocupante nos padrões de saúde da comunidade. Especialistas, como o cardiologista Bruno Colontone, destacam que a hipertensão arterial, diabetes e sedentarismo são algumas das principais condições que aumentam o risco de um AVC. Segundo Colontone, “a falta de irrigação de oxigênio para os neurônios causa o AVC, que pode ocorrer por entupimentos dos vasos sanguíneos ou ruptura deles”.
Relatos de superação
Os desafios enfrentados por aqueles que sofrem um AVC podem ser devastadores. Sara Barbosa, de 36 anos, foi uma das vítimas dessa condição. Em 2022, ela sofreu um AVC de tronco, uma das formas mais severas, que a deixou parcialmente paralisada. A irmã de Sara, Sabrina Barbosa, descreve a longa jornada de recuperação: “Foi muito doloroso, processamos a situação de forma intensa. A comunicação com ela hoje se dá apenas pelos olhares, tudo que é positivo ela responde olhando para cima.”
Outro relato comovente é o de Antônio Adelino de Souza, de 67 anos, que sofreu um AVC enquanto se tratava de uma infecção. Ele se recupera em uma clínica e compartilha sua jornada: “Eu levanto, faço esforço para caminhar e praticar exercícios. Se você se entrega, fica na cama. Estou muito melhor do que antes.”
Fatores de risco para AVC
O cardiologista Bruno Colontone faz um alerta sobre os fatores de risco que afetam cada vez mais a população. “A obesidade, estresse e hábitos sedentários, além de condições como diabetes e hipertensão, influenciam diretamente a ocorrência do AVC”, enfatiza. Ele destaca que a conscientização sobre esses fatores é essencial para prevenir novos casos e conter o avanço desta epidemia silenciosa.
Campanhas de conscientização e prevenção
Diante do cenário alarmante, várias iniciativas estão sendo promovidas em Campinas para educar a população sobre os riscos associados ao AVC. Campanhas de conscientização estão sendo divulgadas por meio de redes sociais e eventos comunitários, com o intuito de alertar os cidadãos sobre a importância de manter um estilo de vida saudável e a realização de check-ups regulares. Estas ações têm como objetivo ensinar as pessoas a reconhecer os sinais de um AVC rapidamente: fraqueza em um lado do corpo, dificuldade de fala e perda súbita de coordenação.
Embora os números alarmantes de atendimentos por AVC sejam motivo de preocupação, os relatos de superação e a crescente conscientização sobre a importância da prevenção oferecem esperança. As histórias de resiliência de pacientes como Sara e Antônio são uma lembrança poderosa de que, apesar dos desafios, a recuperação é possível e o suporte familiar desempenha um papel fundamental nesse processo.
A luta contra os acidentes vasculares cerebrais continua, e é imperativo que a sociedade se una para promover uma maior conscientização e ações de prevenção, a fim de transformar a realidade dos atendimentos em Campinas e garantir um futuro mais saudável para todos.