Brasil, 6 de junho de 2025
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Morre Niède Guidon, pioneira na arqueologia brasileira

Arqueóloga franco-brasileira faleceu aos 92 anos; foi fundamental na descoberta da presença humana nas Américas.

Na madrugada desta quarta-feira (4), a arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon faleceu aos 92 anos. Niède foi a fundadora do Parque Nacional da Serra da Capivara, que em 1979 foi declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Sua morte traz um luto para o mundo científico e cultural, uma vez que ela foi uma figura central nas pesquisas sobre a ocupação humana no continente americano.

Velório e despedida

O velório de Niède Guidon será aberto ao público e ocorrerá no auditório do Museu do Homem Americano, localizado em São Raimundo Nonato, sul do Piauí. A cerimônia de despedida começará às 15h desta quarta e se estenderá até a meia-noite de quinta-feira (5). Em homenagem à sua contribuição inestimável, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), decretou luto oficial de três dias.

O sepultamento, segundo desejo da arqueóloga, será realizado no quintal de sua residência, situada atrás do museu, e será um momento reservado apenas para familiares e amigos. A cerimônia deverá contar com a presença de diversas autoridades locais, incluindo prefeitos da região.

Contribuições significativas para a arqueologia

O trabalho de Niède Guidon foi pioneiro e revolucionou a forma como compreendemos a história da ocupação humana na América do Sul. Ela começou suas expedições no Brasil em 1970 e, em 1973, escavou o sítio da Serra da Capivara, onde fez descobertas que mudaram o paradigma sobre a chegada dos primeiros povos às Américas. Suas pesquisas revelaram pinturas rupestres com até 30 mil anos — um achado que desafiou teorias predominantes que afirmavam que os humanos chegaram ao continente através do Estreito de Bering, há aproximadamente 13 mil anos.

Niède foi a principal responsável pela criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, que abriga mais de 800 sítios pré-históricos. Neste local, ela e sua equipe encontraram vestígios que incluem pinturas, ferramentas e outros artefatos dos primeiros habitantes humanos da América, documentos que testemunham uma rica herança cultural.

Reconhecimento internacional e legado

O trabalho de Niède Guidon foi amplamente reconhecido, tanto no Brasil quanto no exterior. Em 1991, a Unesco reconheceu o Parque Nacional da Serra da Capivara como patrimônio cultural da humanidade, um marco que solidificou a relevância das pesquisas realizadas na região. Ao longo de sua carreira, ela também foi homenageada com diversos títulos e distinções, incluindo o de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 2024, depois de mais de cinco décadas de dedicação à arqueologia.

Além disso, sua presença se estendeu para as artes; foram feitos documentários sobre sua vida e trabalho, e até o nome de um pássaro foi dado em sua homenagem. Em 2020, ela tomou posse na Academia Piauiense de Letras (APL), um reconhecimento adicional à sua contribuição para a ciência e a cultura piauiense.

Uma ícone da arqueologia

Niède Guidon não foi apenas uma pesquisadora; ela se tornou uma referência e uma inspiração para muitos jovens arqueólogos e cientistas. Seu trabalho inabalável em promover a importância da preservação da cultura e da história, bem como seu papel em iluminar o passado dos povos que habitaram o Brasil, assegura que seu legado vai viver por gerações.

A arqueóloga deixa um vazio enorme na comunidade científica e nos estudos sobre as origens da humanidade. Seu comprometimento com a pesquisa e sua paixão pela história são lembranças que perdurarão no tempo, assim como seu impacto nos estudos antropológicos e arqueológicos do Brasil.

As homenagens à arqueóloga continuam a surgir, enquanto Brasil reflete sobre sua contribuição significativa e o impacto duradouro que teve na compreensão da história humana neste vasto continente.

Em seus últimos dias, Niède Guidon foi celebrada como uma verdadeira pioneira. O mundo da arqueologia perde uma gigante, mas sua memória e suas descobertas continuarão a influenciar futuras gerações de pesquisadores.

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