No dia 3 de junho, os Museus Vaticanos foram palco do lançamento do livro “Francesco Borromini 1599-1667”, uma coletânea que sintetiza os trabalhos apresentados em um congresso realizado em 2017, marcando os 350 anos da morte deste icônico arquiteto. Barbara Jatta, diretora dos Museus Vaticanos, destacou Borromini como “um modelo indiscutido para gerações de arquitetos”, ressaltando a relevância contínua de seu legado na arquitetura contemporânea.
Legado e influência no baroque
O volume apresenta uma visão abrangente e interdisciplinar da obra de Borromini, considerado uma figura fundamental da arquitetura barroca. A obra foi organizada por Alessandra Rodolfo e Luca Ribichini e publicada pelas Edições Museus Vaticanos, consolidando o impacto das instituições do Papa na pesquisa artístico-histórica internacional. Com 440 páginas e repleto de 237 ilustrações — tanto coloridas quanto em preto e branco — o livro se torna um recurso valioso para acadêmicos, arquitetos e amantes da história da arte.
Homenagem a Paolo Portoghesi
A conferência que deu origem ao livro foi promovida pelo arquiteto Paolo Portoghesi, figura vital na redescoberta crítica de Borromini. Sua recente morte foi uma lembrança nas intervenções do evento, destacando sua paixão e dedicação ao estudo da obra do mestre.
Comemorações de 350 anos de Borromini
As homenagens a Borromini não se restringiram ao lançamento do livro. Em 2017, foram organizadas várias atividades, incluindo uma exposição de desenhos na Biblioteca Apostólica Vaticana, celebrações musicais, visitas guiadas e até um concurso de fotografia voltado para estudantes de arquitetura e artes. Todas essas iniciativas visavam resgatar e valorizar a riqueza do legado de Borromini.
A importância dos desenhos de Borromini
Durante o lançamento, a importância do talento gráfico de Borromini foi amplamente destacada. Apesar de muitos de seus desenhos terem sido destruídos por ele em momentos de aflição pessoal, as coleções que sobreviveram são um testemunho de sua genialidade e precisão. Joseph Connors, professor emérito da Universidade de Harvard, ressaltou a “energia plástica” presente nos desenhos de Borromini, enfatizando sua técnica meticulosa.
Geometria e simbolismo na obra de Borromini
O professor Marcello Fagiolo abordou o conteúdo do volume, afirmando que ele contém “ensaios extremamente interessantes” que facilitam a compreensão da sabedoria geométrica e simbólica que caracteriza a arquitetura de Borromini. O arquiteto não apenas projetou edifícios; ele concebeu espaços com significados profundos, traduzindo conceitos artísticos em formas físicas.
A trajetória de Borromini em Roma
Borromini, cujo nome verdadeiro era Francesco Castelli, chegou a Roma em 1619, após desenvolver suas habilidades no Tessino. Iniciou sua jornada como pedreiro na construção da nova Basílica de São Pedro e colaborou com o famoso arquiteto Carlo Maderno. Após a morte de Maderno, Borromini trabalhou ao lado de Gian Lorenzo Bernini, contribuindo para diversos projetos relevantes, como o Baldaquino, a Igreja de Sant’Ivo e a Biblioteca Alessandrina.
A marca única de um gênio
Tímido e introvertido, Borromini dedicou sua vida a projetos para congregações religiosas e teve sua obra marcada pela inovação. Barbara Jatta mencionou que sua contribuição para a Sagrada Congregação para a Propagação da Fé e a restauração de importantes templos em Roma são testemunhos de sua importância no cenário arquitetônico da época. Sua assinatura é visível em diversos palácios e igrejas, não só em Roma, mas também em cidades como Bolonha e Viterbo.
Com o lançamento desse volume, os Museus Vaticanos reafirmam seu papel central na preservação e divulgação da rica herança cultural deixada por Borromini, permitindo que novas gerações de arquitetos e entusiastas da arte continuem se inspirando em seu legado.
