O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, fez um forte apelo por paz e por uma ação humanitária urgente enquanto refletia sobre os recentes conflitos e tensões geopolíticas ao redor do mundo. Após a cúpula de Istambul, que falhou em proporcionar soluções duradouras para a guerra na Ucrânia, Parolin enfatizou a importância de um diálogo profundo e respeitoso entre os países envolvidos, rejeitando a ideia de que a guerra seja inevitável.
A busca por uma paz justa e duradoura
Durante sua declaração, Parolin destacou que uma paz real não é apenas uma solução imposta, mas o resultado de um entendimento mútuo e de consideração pela dignidade de todos os povos. Ele citou que “nenhuma guerra é inevitável, nenhuma paz é impossível”, afirmando que o Evangelho clama por paz e esperança. Para ele, uma paz justa deve proteger todos os envolvidos, sem causar humilhações ou deixar feridas abertas.
A guerra na Ucrânia, bem como os conflitos em Gaza, foram mencionados como exemplos claros da necessidade de um novo paradigma nas relações internacionais, que priorize o diálogo ao invés da violência. Segundo Parolin, a comunidade internacional deve evitar usar a guerra como um meio de resolver problemas e, no caso específico de Gaza, foi pressão para que Israel suspendesse o bloqueio à ajuda humanitária, reconhecendo a tragédia humanitária enfrentada pela população civil.
A corrida armamentista e suas implicações
Parolin também se manifestou sobre a crescente corrida armamentista no mundo, especialmente na Europa, explicitando que embora a defesa seja um direito legítimo dos estados, é essencial manter um equilíbrio que evite fomentar ainda mais a desconfiança entre nações. Ele frisou que a legítima defesa não é um direito absoluto, devendo ser acompanhada do esforço para eliminar as causas de conflitos.
“O acúmulo excessivo de armas… pode fomentar a ameaça e o medo do outro”, declarou Parolin, reforçando a urgência de se buscar o desarmamento e um impulso pacificador nas relações internacionais. Para ele, as nações devem trabalhar juntas para preservar a segurança sem sacrificar a possibilidade de paz.
Posição do Vaticano sobre Israel e Gaza
Em relação à situação em Gaza, o Cardeal expressou a desaprovação do Vaticano sobre a estratégia militar de Israel, relembrando que a Santa Sé, assim como a comunidade internacional, pede pela suspensão urgente do bloqueio humanitário. A posição do Vaticano é clara: “a guerra não é uma solução” e a negociação deve ser um foco constante em busca de um processo político que leve a uma resolução justa do conflito israelense-palestino.
Perspectivas sobre bipolarismo global
Sobre a crescente tensão entre Estados Unidos e China, Parolin ressaltou a necessidade de diálogo contínuo para evitar uma aproximação que possa resultar em um novo bipolarismo global. Ele sugeriu que as superpotências devem buscar uma interação construtiva, focando no comércio e na segurança, enquanto outras nações e organizações devem apoiar um sistema multilateral equilibrado.
O papel da Santa Sé como mediadora de paz
Os encontros entre líderes mundiais nos últimos meses, incluindo no funeral do Papa Francisco e na missa de posse de Leão XIV, foram vistos como um sinal do reconhecimento do papel da Santa Sé na promoção da paz. O Cardeal Parolin acredita que o novo pontificado pode revigorar as iniciativas de paz e diálogo, reafirmando a missão da Santa Sé em ser um elo entre as nações.
O movimento da Santa Sé em buscar soluções pacíficas e o apelo à dignidade e ao diálogo foi ecoado nas vozes de líderes globais que esperam um futuro onde a paz e a justiça prevaleçam sobre a violência e o medo. Somente assim, acredita o Cardeal, é que conseguiremos transformar conflitos em oportunidades de entendimento e colaboração internacional.
Com a situação global em constante evolução, a mensagem de Parolin ressoa como um chamado urgente para a reflexão e ação, onde a verdadeira paz demanda um compromisso ativo de todos os envolvidos na redacção de uma nova narrativa de convivência e respeito mútuo.