Brasil, 6 de junho de 2025
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Milei incentiva argentinos a tirar dólares do colchão

O governo de Javier Milei busca reinserir US$ 246 bilhões não declarados no sistema financeiro argentino por meio de novas medidas econômicas.

O governo de Javier Milei lançou um plano para incentivar argentinos a regularizar economias não declaradas, incluindo até US$ 85 mil em investimentos sem necessidade de comprovação da origem, buscando fortalecer as reservas internacionais do país.

Por que Milei incentiva argentinos a retirarem dólares de casa

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo, cerca de US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário argentino, o que supera as reservas do Banco Central, estimadas em US$ 38,3 bilhões. Essa quantidade representa aproximadamente 45% do PIB, agravando a escassez de divisas e dificultando o crescimento econômico.

A prática de guardar dólares debaixo do colchão tem raízes na desconfiança histórica dos argentinos na moeda local e no sistema bancário, devido às crises econômicas e restrições à retirada de depósitos. Essa resistência foi reforçada após o episódio conhecido como “Corralito” em 2001, que congelou contas bancárias e forçou a pesificação de ativos em dólares.

Medidas do governo para reinserir dólares na economia

Para reverter o cenário, Milei propôs em maio a possibilidade de usar dólares não declarados para adquirir imóveis de até US$ 43 mil ou fazer depósitos de até US$ 85 mil em investimentos, sem necessidade de comprovar a origem do dinheiro. “Seus dólares, sua decisão”, afirmou o porta-voz presidencial Manuel Adorni.

Essa iniciativa visa devolver liberdade aos argentinos, deixando de criminalizar quem possui economias em dólares não declaradas, e busca estimular a entrada desses recursos no sistema financeiro, que hoje está bastante restrito.

Impactos na economia argentina

Estimativas apontam que há mais de US$ 200 bilhões escondidos pelos argentinos, valor que poderia representar um incremento significativo nas reservas internacionais e na capacidade de financiamento do Estado. Segundo a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, esse montante, se investido na Argentina, poderia transformar o país.

Contudo, a medida gera controvérsia: críticos afirmam que ela pode estimular a informalidade e a evasão fiscal por reduzir os incentivos ao cumprimento das obrigações tributárias. O especialista Guido Zack ressalta que a saída de dólares do circuito produtivo limita o crédito para empresas e prejudica a estabilidade cambial.

Reações e desafios futuros

O movimento de Milei ocorre pouco antes das eleições de meio de mandato, e enquanto o governo busca tirar os dólares de debaixo do colchão, há preocupações sobre a coerência com os compromissos internacionais da Argentina e a transparência financeira. A secretária do FMI, Julia Kozack, destacou que o país precisa fortalecer a confiança nas instituições e combater a lavagem de dinheiro.

O sucesso da estratégia depende da confiança dos argentinos no sistema financeiro e na estabilidade econômica. Como explica Guido Zack, é fundamental criar incentivos que façam a população sentir segurança ao depositar suas economias nos bancos, evitando que o dinheiro fique parado e prejudique o crescimento.

Assim, a questão central permanece: Existem hoje os incentivos adequados para que os argentinos confiem na moeda local e nas instituições financeiras, permitindo uma recuperação sustentável e sólida da economia?

Para saber mais detalhes do plano e das controvérsias, acesse a matéria no G1.

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