A agência de classificação de risco Moody’s revisou nesta semana a perspectiva do rating de crédito de Petrobras, Vale e Ambev de positiva para estável. Enquanto as notas da Vale e da Ambev foram mantidas em “Baa2”, a Petrobras teve sua nota reafirmada em “Ba1”.
Contexto da revisão e influência do ambiente soberano
De acordo com os analistas Erick Rodrigues e Marcos Schmidt, a mudança de perspectiva aconteceu após a Moody’s ajustar a nota soberana do Brasil, que continua em “Ba1”, mas teve sua perspectiva alterada de positiva para estável. Os especialistas destacam que as classificações dessas empresas estão fortemente vinculadas à qualidade de crédito do país.
“As classificações dessas empresas estão limitadas pela qualidade de crédito do ambiente soberano. A capacidade de crédito dessas empresas não pode ser dissociada do risco do governo brasileiro, e suas classificações precisam refletir isso”, afirmaram os analistas no relatório.
Situação individual das empresas e fatores de solidez
Petrobras
A nota “Ba1” da Petrobras e a avaliação de crédito base “ba1” — que mede o risco de crédito da companhia sem considerar apoio do governo — refletem métricas sólidas e um histórico de melhorias operacionais e financeiras. Apesar de vinculada ao governo, a probabilidade de inadimplência é considerada baixa devido à sua estrutura de capital robusta, baixa dependência de financiamentos internos e exposição limitada ao risco cambial, além de 30% das receitas provenientes de exportações, principalmente para países desenvolvidos e China.
“A perspectiva estável da Petrobras reflete a expectativa de que seu perfil de crédito permanecerá largamente inalterado nos próximos 12 a 18 meses”, destacaram os analistas.
Vale
A classificação “Baa2” da Vale é sustentada por seu forte perfil de negócios, liderança global na produção de minério de ferro e níquel, além de fluxo de caixa e lucratividade pouco afetados pelas condições econômicas brasileiras. A dependência de receitas oriundas de China e países desenvolvidos assegura proteção contra o ambiente macroeconômico e político do Brasil.
“A classificação da Vale é apoiada por seu portfólio de ativos de longa vida útil, posição de baixo custo e balanço patrimonial sólido”, explicam os analistas. A previsão de estabilidade reflete ainda a expectativa de manutenção do bom desempenho operacional e financeiro, com disciplina na alocação de capital e métricas de endividamento conservadoras, até mesmo considerando futuras expansões em níquel e cobre.
Ambev
A nota “Baa2” da Ambev é fundamentada por sua escala como uma das maiores cervejarias do mundo, presença em 18 países e liderança de mercado em regiões-chave, incluindo Brasil e Canadá. O amplo portfólio de marcas de bebidas alcoólicas e não alcoólicas também reforça sua classificação.
“A perspectiva estável reflete métricas de crédito fortes, posições dominantes de mercado e estabilidade operacional, que compensam eventuais riscos ligados ao Brasil, onde a empresa gera mais de 50% do seu EBITDA”, afirmam os analistas.
Implicações e próximos passos
A revisão da perspectiva para estável indica que, nos próximos 12 a 18 meses, as condições de crédito dessas empresas devem permanecer relativamente inalteradas. A manutenção das notas sugere um cenário de estabilidade financeira, apesar das atribuições de risco associadas ao ambiente macroeconômico brasileiro.
Segundo os especialistas, a Moody’s continuará monitorando fatores como a evolução da política fiscal e o ambiente global para eventuais ajustes nas avaliações futuras. A nota da Petrobras, por exemplo, deve permanecer vulnerável às condições do ambiente soberano, embora sua estrutura financeira sólida contribua para uma menor probabilidade de inadimplência.
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