A gratuidade no transporte público para os idosos é um direito garantido por lei, no entanto, muitos motoristas de ônibus continuam a desrespeitar essa norma, ignorando passageiros que aguardam nos pontos. Para enfrentar essa situação, a Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável lançou uma nova estratégia: a utilização de “vovós-espiãs”, um grupo formado por mulheres idosas que trabalham como fiscais disfarçadas. Desde o início do ano, a central 1746 registrou 2.446 denúncias, média de quase 16 chamadas diárias relacionadas ao não cumprimento da parada dos ônibus para esse público vulnerável.
O papel das vovós-espiãs
As vovós-espiãs, como são chamadas, são essenciais para garantir que motoristas de ônibus respeitem o direito dos idosos. Elas têm o objetivo de flagrar quem ignora a lei e reportar as infrações. A estratégia tem se mostrado eficaz, pois os fiscais da prefeitura, informados em tempo real pelas espiãs, podem agir rapidamente. Assim que um motorista é identificado por não parar, a equipe entra em ação e frequentemente, o ônibus não consegue ir muito longe.
“Quando um idoso fizer sinal, o motorista tem que parar. Não vamos mais permitir essa falta de respeito,” afirma um dos fiscais. Para as espiãs, essa função não apenas oferece uma solução prática para um problema recorrente, mas também proporciona um senso de empoderamento e propósito. “Me sinto forte e orgulhosa porque estou podendo fazer algo por mim e pelas outras pessoas que passam por esse constrangimento,” diz uma delas.
Denúncias e consequências
Todas as ocorrências de ônibus que não param são rapidamente investigadas. Os motoristas identificados são notificados e multados, com uma sanção de R$ 190, conforme determinado pela prefeitura. Essas ações surgem em resposta a uma crescente insatisfação dos cidadãos com a falta de respeito por parte dos motoristas. Ronaldo Saliba, um comerciante, também expressou sua frustração: “É uma falta de respeito muito grande. Os ônibus passam e não param, mesmo com o sinal sendo feito.”
A situação se agrava em áreas densamente movimentadas, como a Tijuca, que lidera o registro de reclamações. Neste mês, a fiscalização na Rua Conde de Bonfim resultou na multa de três ônibus de diferentes linhas, evidenciando que o problema não é isolado, mas uma prática comum que precisa de atenção.
A reação da Prefeitura e das empresas de ônibus
O secretário municipal de Envelhecimento Saudável, Felipe Michel, ressaltou a importância das operações de fiscalização e reafirmou que o respeito e o cumprimento da lei para com os idosos no transporte público são prioridades. “Não podemos permitir que os motoristas continuem desrespeitando, passando direto. A operação será mantida em todo o Rio de Janeiro,” afirmou.
O consórcio Rio Ônibus também se manifestou, garantindo que os motoristas que forem flagrados desrespeitando as regras passarão por cursos de reciclagem. Isso é uma tentativa de conscientização, tanto para melhorar o atendimento aos usuários do transporte público quanto para assegurar que os direitos dos idosos sejam respeitados.
O impacto positivo das espiãs
As experiências diárias das espiãs revelam um forte desejo de mudança entre as participantes. “Estou amando poder dar um choque de ordem neles. Acredito que eles também chegarão a ser idosos um dia e vão precisar dos nossos direitos,” diz uma das espiãs, expressando não só entusiasmo com a tarefa, mas também uma visão de solidariedade e empatia. O impacto positivo dessa iniciativa demonstra que todos têm um papel a desempenhar na luta pelos direitos dos cidadãos idosos, criando um ambiente de respeito nas ruas da cidade.
Essa iniciativa gera esperança e representa um passo em direção a um transporte público mais inclusivo e respeitoso. A presença das vovós-espiãs, além de fiscalizar, fortalece a voz dos idosos como cidadãos que têm o direito de serem ouvidos e respeitados.