Na terça-feira (2), a Petrobras anunciou uma redução de 5,6% no preço da gasolina nas refinarias, o que levou economistas a revisarem suas previsões para a inflação de junho. A queda no preço do combustível, que tem forte impacto no índice de preços ao consumidor, deve contribuir para aliviar pressões inflacionárias e reduzir a expectativa de altas nas taxas de juros.
Impacto na inflação e previsão de desaceleração
Segundo especialistas, o corte no preço da gasolina deve impactar o IPCA em cerca de 0,10 ponto percentual neste mês. “A gasolina representa cerca de 5,28% no IPCA, e essa redução deve contribuir para uma inflação menor, especialmente diante de pressões adicionais como a bandeira vermelha na energia elétrica”, afirmou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre.
Fábio Romão, economista da consultoria LCA, revisou sua projeção de inflação para 0,25% em junho, ante 0,37% prevista anteriormente, após o anúncio da Petrobras. Além disso, ele espera que o índice de julho também seja revisado de 0,21% para 0,19%. “O impacto do preço do diesel, que já vinha caindo por outros cortes, também continua ajudando a manter a inflação sob controle”, explicou Romão.
Pressão sobre os juros e cenário econômico
Para Romão, a tendência é de que as pressões inflacionárias diminuam, o que reforça a expectativa de que a taxa Selic não deve subir mais nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). “Há uma possibilidade de antecipar cortes de juros, talvez ainda em 2025 ou no início de 2026”, afirmou.
Por outro lado, Luis Felipe Vital, economista da Warren Investimentos, ressalta que, apesar do efeito positivo da redução nos combustíveis, riscos altistas permanecem. “Dados recentes do mercado de trabalho mostram uma atividade ainda aquecida, o que pode gerar inquietação no mercado quanto aos próximos movimentos do Copom”, completou.
Perspectivas sobre o preço do petróleo e possíveis novos ajustes
Este é o primeiro ajuste no preço da gasolina pela Petrobras desde julho de 2024, momento em que o cenário internacional do petróleo apresentava instabilidades. Segundo o professor Edmar Almeida, do Instituto de Energia da PUC-Rio, a direção dos preços depende do mercado internacional, que sofre influências de fatores como a economia global e a política. “Se houver uma recessão, o petróleo pode sofrer queda adicional; caso contrário, os preços podem se recuperar”, explicou Almeida.
Impactos futuros e incertezas no mercado
As perspectivas de uma eventual nova redução de preços do petróleo permanecem incertas devido às volatilidades internacionais, especialmente relacionadas às tensões políticas e econômicas globais. Assim, o cenário para os combustíveis e a inflação brasileira continuará sujeito a mudanças no médio prazo.
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