O renomado cantor brasileiro Caetano Veloso, aos 82 anos, usou suas redes sociais no último domingo (1º) para abordar um questionamento que tem gerado interesse entre os fãs da turnê em parceria com a irmã, Maria Bethânia, de 78 anos. A dúvida refere-se à interpretação da canção “Deus Cuida de Mim”, um louvor evangélico originalmente apresentado pelo pastor Kleber Lucas, que passou a ser cantado por Veloso durante os shows.
A importância do crescimento das igrejas evangélicas
Em seu pronunciamento, o cantor iniciou ressaltando o fenômeno do crescimento das igrejas evangélicas no Brasil, o que ele considera uma questão relevante na atualidade. “Eu queria frisar o fato de que dou muita importância ao fenômeno do crescimento das igrejas evangélicas do Brasil”, destacou Caetano. A sua escolha por essa canção, segundo ele, não foi aleatória, mas sim um reflexo das mudanças sociais que o país vem experimentando.
Durante a apresentação, Caetano revelou que “Deus Cuida de Mim” é a única música que ele decidiu cantar em um momento em que Bethânia sai do palco. Ele observou que esta foi a única canção que não gerou uma resposta entusiasmada do público. “Essa era a única canção que não recebia aplausos entusiasmados… e isso não me surpreendeu. Não é um assunto esperado ou desejado pelo nosso público”, ele comentou, referindo-se à reação mista da plateia ao cantar a canção gospel.
Reflexões sobre a escolha da canção
Apesar da recepção fria, Veloso continuou a se concentrar na interpretação da música, observando algumas reações emocionais que se destacaram entre os fãs. “Via a reação fria da maioria do público, mas me concentrava na canção. Mas via também poucas pessoas cantarem o louvor comigo, algumas chorando”, desabafou. Essa reflexão levanta um ponto importante sobre a diversidade de públicos nos shows e como a música pode encarar temas que nem sempre são confortáveis ou amplamente aceitos.
A escolha de interpretar uma canção gospel, segundo Caetano, não significa que ele desconsidera seu público predominantemente não evangélico. Ao contrário, sua intenção é abrir espaço para discussões e reflexões sobre as transformações em que a sociedade brasileira está imersa. “Agora no meu novo show de festivais, trouxe canções que enfrentem a grande virada que o mundo está iniciando!”, acrescentou, ressaltando a necessidade de diálogo e inclusão de diferentes vozes na sua música.
Conexão com o público e mudanças sociais
Caetano também citou o grupo BaianaSystem, conhecido por arrastar multidões na Bahia e por abordar temas sociais relevantes em suas canções. “Cito o BaianaSystem porque esse grupo arrasta milhões na Bahia e faz com que a animação não descambe para a violência”, explicou, sugerindo que a arte tem o poder de influenciar e trazer reflexão sobre as realidades que enfrentamos atualmente.
Esse tipo de abordagem mostra como os artistas podem ser agentes de mudança, utilizando suas plataformas para discutir questões sociais e culturais. A turnê de Caetano e Bethânia, mesmo que desafiadora em certos aspectos, tem se mostrado uma rica oportunidade para explorar novas narrativas e despertar sentimentos variados no público.
Além de celebrar a música, essa nova fase de sua carreira parece focar em abrir diálogos e provocar reflexões sobre o que significa viver em um Brasil em transformação. Com isso, Veloso reafirma seu papel não apenas como artista, mas como um pensador que utiliza sua arte para conectar-se com as questões pertinentes ao nosso tempo.
Os shows da turnê estão marcados por uma mistura de homenagens e questionamentos sobre a sociedade, criando um espaço para o diálogo através da música. Para os fãs, a experiência se torna ainda mais rica ao entenderem a profundidade das escolhas do artista e suas implicações para a cultura e a espiritualidade.
Assim, Caetano Veloso continua a ser uma voz que ecoa através das gerações, sempre em busca de novas formas de expressar seu amor pela música e pela vida, enquanto navega pelas complexidades de um Brasil em permanente mudança.
