A reestruturação da Azul apresentadas na quarta-feira, por meio de um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, elevou preocupações de investidores sobre possíveis efeitos na Embraer, uma de suas principais fornecedoras. A Azul informou que reduzirá sua frota em 35% até 2027, o que destaca riscos relacionados às encomendas de aeronaves da fabricante brasileira.
Impactos da recuperação judicial da Azul na Embraer
Segundo analistas do J.P. Morgan, a reestruturação da Azul gera um “sentimento negativo” em relação à Embraer, já que a companhia aérea responde por cerca de 15% da carteira de encomendas da fabricante de aeronaves. No entanto, eles avaliam que os efeitos nos números operacionais do setor neste ano devem ser limitados.
As ações da Embraer chegaram a cair 3% na manhã desta quinta-feira. Perto das 16h, os papéis negociados a R$ 66,55 registravam uma queda de 0,43%. A instabilidade reflete a preocupação dos investidores diante da possível redução na demanda por aeronaves, influenciada pela crise da Azul.
Redução da frota e encomendas da Azul
Como parte do plano de recuperação judicial, a Azul pretende diminuir sua frota em 35%. Para 2025, a expectativa é encerrar o ano com 170 aeronaves, 31 a menos do que o inicialmente previsto. A projeção também aponta uma redução de 218 para 172 aviões até o fim de 2027.
A Azul possui atualmente uma carteira de 51 encomendas de aeronaves, representando cerca de 15% do total da Embraer. Destes, 34% referem-se ao modelo E195-E2, uma das principais apostas da fabricante para o mercado de aeronaves regionais.
Estimativas financeiras e riscos associados
O valor estimado dessas encomendas é de aproximadamente US$ 3,4 bilhões, considerando os preços de 2018. Analistas do J.P. Morgan ponderam que, devido ao tempo e ao tamanho do pedido, as margens de lucro podem ser mais apertadas em relação às encomendas mais recentes.
De acordo com Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, do BTG Pactual, o impacto da reestruturação da Azul na Embraer deve ser limitado, uma vez que a exposição da fabricante à companhia aérea é inferior a 1% do seu valor de mercado, estimado em R$ 209 milhões, incluindo também a Força Aérea Brasileira.
Perspectivas para a Embraer diante do cenário
A fabricante de aeronaves tem outras possibilidades de ajuste, como redirecionar sua produção para outros clientes ou aproveitar a forte demanda global por aeronaves regionais. Além disso, a diversificação em segmentos de aviação comercial e defesa ajuda a mitigar a dependência da relação com a Azul.
Para o BTG, é provável que os cancelamentos de pedidos sejam substituídos por adiamentos, dado o custo elevado de desfazer contratos estabelecidos com companhias aéreas com pagamentos antecipados.
Passivo da Azul e cenário de recuperação
A Azul anunciou que pretende eliminar US$ 2 bilhões de dívidas, em um passivo total de US$ 9,57 bilhões, equivalente a R$ 54 bilhões. Entre seus principais credores estão duas empresas do conglomerado da Embraer, com um total de mais de US$ 36 milhões a receber.
Embora os efeitos imediatos na Embraer sejam considerados limitados pelos analistas, a situação reforça a necessidade de atenção ao desempenho do setor de aviação regional e às condições financeiras das empresas envolvidas.
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