Brasil, 1 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Ministro do desenvolvimento agrário se fortalece após pressão do MST

Paulo Teixeira, alvo de críticas do MST, amplia entregas de assentamentos e ganha força no governo Lula.

Após enfrentar ameaças à sua permanência no primeiro escalão do governo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, conseguiu retomar seu espaço nas últimas semanas ao mitigar a pressão do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e aumentar as entregas de assentamentos para reforma agrária. Neste contexto, ocorre atualmente a entrega de lotes no interior do Paraná, onde Teixeira se junta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A pressão do MST e a rearticulação do ministro

O ministro ainda é criticado por lideranças do MST, que, no entanto, não parecem acreditar na possibilidade de mudanças significativas por parte de Lula. Em março, O GLOBO destacou que a lentidão de Lula em realizar uma reforma ministerial deixou muitos auxiliares, incluindo Teixeira, em uma situação considerada como “zumbis”, devido à incerteza sobre seus cargos, com eventos cancelados e sua ausência em diversas viagens.

Entretanto, Paulo Teixeira conseguiu, desde então, avançar em uma série de agendas com o gabinete presidencial. Um marco significativo acontece nesta quinta-feira, quando ele formaliza a criação de um assentamento para mais de 440 famílias na comunidade Maila Sabrina, localizada na divisa entre os municípios de Ortigueira e Faxinal no Paraná. Além disso, estão previstas visitas a Rondônia, Acre e Pará, expandindo as ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Os protestos sob controle e as demandas do MST

Outro fator que tem trazido uma perspectiva positiva para o desempenho de Teixeira é a gestão do “Abril Vermelho” promovido pelo MST, que, apesar de registrar 30 invasões de terra em 20 estados, foi visto como um sinal de controle pela área do ministro. Nos anos de 2023 e 2024, os episódios de mobilização trouxeram conflitos que, em algumas ocasiões, causaram desconforto entre os setores do agronegócio.

As reivindicações do MST estão em alta: até o momento, foram entregues 17 mil lotes de assentamentos, com a ambição de chegar a 30 mil até dezembro. Esse avanço é visto como uma tentativa de restaurar o ritmo das reformas agrárias dos primeiros mandatos de Lula.

Aumento nas cobranças e resultados parciais

No início do ano, Teixeira foi pressionado por Lula para apresentar soluções às oscilações nos preços dos alimentos. Recentemente, a redução nos preços de itens como arroz, feijão e batata contribuiu para melhorar sua imagem entre as esferas mais próximas do presidente. No entanto, a gestão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem gerado críticas, pois muitos acreditam que não houve investimento suficiente em estoques reguladores.

Nos últimos tempos, Teixeira se fortaleceu, ao contrário de outros ministros, como Cida Gonçalves, ex-ministra das Mulheres, que foi substituída por Márcia Lopes, e Márcio Macêdo, que deve abrir espaço para Guilherme Boulos na Secretaria-Geral.

A divergência de dados sobre a reforma agrária

Apesar dos avanços, o MST e o Ministério do Desenvolvimento Agrário têm visões divergentes sobre os números da reforma agrária neste terceiro mandato de Lula. O movimento alega que o ministério conta casos de regularização e fornecimento de crédito para aquisição de lotes como assentamentos. Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, reclama da obliterada expectativa de melhorias com a reeleição de Lula e afirma: “O MDA está vendendo o que não tem”.

O ministério, por sua vez, defende que já foram disponibilizados 17 mil lotes de terra, todos novos, não contabilizando regularizações ou disponibilização de crédito para compra. Contando as famílias que vão ocupar essas terras, as seleções são feitas através de edital e não são necessariamente vinculadas ao MST.

Além disso, a baixa taxa de acesso a crédito — onde apenas 3,5% das famílias assentadas tiveram essa oportunidade — representa um desafio a ser superado. O MDA anunciou, entretanto, a disponibilidade de R$ 7,23 bilhões para pequenos agricultores no Plano Safra 2024/2025, simbolizando um aumento significativo em relação à safra anterior.

Embora as iniciativas, como a retomada do programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar, sejam elogiadas, a opinião é de que os recursos ainda são insuficientes. Em um evento recente, o ministro Paulo Teixeira reiterou: “movimento que não faz pressão é pelego”, reconhecendo a importância das críticas recebidas e enfatizando a necessidade de um diálogo contínuo com os movimentos sociais.

Com esse cenário de tensões e diálogos, a trajetória do ministro Paulo Teixeira no governo Lula se desenha em meio a conquistas e desafios que continuamente moldam o panorama da reforma agrária no Brasil.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes