O recente decreto de emergência em saúde em Piracicaba, SP, motivado pelo aumento das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave e infecções virais, não está surindo o efeito esperado. Apesar das promessas da prefeitura para ampliar o atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), os moradores continuam a enfrentar longas filas e insatisfação com os serviços prestados.
Demora e lotação nas UPAs
Passados oito dias desde a publicação do decreto, a situação nas UPAs da cidade ainda impressiona. Residentes que buscam atendimento relataram tempos de espera excessivos, especialmente nas UPAs Piracicamirim, Vila Cristina e Vila Rezende. As queixas são corroboradas por uma reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, que mostrou filial de pacientes aguardando do lado de fora, devido à falta de espaço nas salas de atendimento.
A empresária Laís de Lima, que buscou atendimento para seu filho Samuel na UPA Piracicamirim, comentou: “Esperei duas horas pelo atendimento e, quando finalmente fui atendida, percebi a falta de equipamentos adequados. O médico não conseguiu examinar o ouvido dele por conta da precariedade dos instrumentos disponíveis.” A insatisfação com a espera e a qualidade do atendimento se reflete em outras opiniões, como a de Letícia de Souza, que já levou a filha Camila três vezes em um mês e criticou o tratamento: “Médicos receitam remédios, mas não solucionam o problema da virose que atinge várias crianças.”
Problemas de saúde sem respostas
Os relatos vão além da insatisfação com os tempos de espera. A família de Edson Lopes, um mecânico de 56 anos, expressa desespero frente à situação crítica de saúde dele, que sofre de uma infecção ocular. Eles já percorreram duas unidades de saúde e ainda aguardam transferência para cirurgia em um hospital estadual, mas a resposta a esse pedido tem sido negativa devido à atual crise nas UPAs.
Rosei Lopes, esposa de Edson, relatou que durante uma visita à UPA Vila Cristina, foi informada de que a transferência não seria rápida, dada a situação de emergência vigente. “Meu esposo está cada vez pior. Preciso que ele seja operado para que eu possa ficar mais tranquila,” lamentou. A pressão por atendimento rápido se torna ainda mais evidente quando as condições de saúde dos pacientes são gravemente ignoradas em detrimento de outras urgências relacionadas a surtos gripais.
Reações da prefeitura e medidas de emergência
Em resposta às críticas, a Prefeitura de Piracicaba informou que, no caso de Edson, ele já recebe acompanhamento médico há anos e tem um retorno agendado na Unicamp. Sobre a lentidão nos atendimentos, a gestão pública pontuou que um protocolo de avaliação de risco está sendo seguido e que o atendimento é priorizado conforme a gravidade dos casos.
O secretário municipal de saúde, Sérgio Pacheco, defendeu as ações do governo, destacando o aumento do repasse financeiro a hospitais parceiros para a criação de leitos para atender crianças, especialmente com SRAG. O decreto de emergência também facilitou a aquisição de insumos e contratações de profissionais de saúde, visando ampliar o atendimento às crianças em necessidades críticas.
Expectativas e padrões de atendimento
Enquanto a cidade luta para estabilizar a situação, os moradores aguardam ansiosamente melhorias nas UPAs e uma resposta mais eficiente às suas queixas. O decreto de emergência, publicado em 19 de setembro, criou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) Sintomáticos Respiratórios Piracicaba para monitoramento e gestão da situação.
Embora haja esperanças de que as medidas implementadas resultem em melhorias, as vozes insatisfeitas entre a população de Piracicaba ressaltam a importância de um rápido atendimento de saúde e a urgência em priorizar a qualidade nas estruturas de saúde que atendem a comunidade. A situação, como destacam os moradores, apresenta um reflexo sobre a necessidade de respostas rápidas e efetivas diante de um cenário de crise na saúde pública.
Com isso, a cidade enfrenta um desafio significativo em manter a saúde da população diante das crescentes demandas e da pressão financeira que se impõe ao sistema de saúde local. O acompanhamento das ações será crucial para que os cidadãos possam recuperar a confiança nos serviços de saúde pública em Piracicaba.