Em entrevista ao GLOBO, Mark Lawrie, diretor da R&A — a agência internacional reguladora do golfe — expressou sua crença de que o Brasil tem todas as condições de se destacar no golfe, assim como é com o futebol. Segundo ele, o país não só possui um clima favorável como também a infraestrutura necessária para promover o esporte, mas carece de iniciativas que popularizem a modalidade e incentivem novos talentos, como potenciais “Vinícius Júnior” do golfe.
Potencial inexplorado do golfe no Brasil
Lawrie aponta que internacionalmente o Brasil é visto como um país com imenso potencial para o golfe, mas enfatiza que, apesar das promessas, a prática ainda não decolou. “Quando pensamos na população do Brasil, na capacidade econômica, o Brasil é um dos 10 países mais importantes do mundo em termos de economia, território e população. Tem um clima favorável, então é quase inexplicável que o golfe no Brasil não tenha crescido mais”, diz Lawrie.
Com o Campeonato Latino-Americano de Amadores (LAAC), promovido pela R&A em parceria com o Masters Tournament e a USGA, o objetivo é fomentar o crescimento do golfe na América Latina. O torneio, que tem ajudado a descobrir talentos, é uma porta de entrada para eventos internacionais, como o Masters, um dos principais torneios de golfe.
Desafios para o crescimento do golfe
A edição deste ano do LAAC ocorreu em Buenos Aires, Argentina, com o campeão Justin Hastings das Ilhas Cayman e o brasileiro Guilherme Grinberg alcançando o 14º lugar. Para Lawrie, o crescimento do esporte requer uma maior base de golfistas no Brasil, que, atualmente, conta com apenas 117 campos, muitos dos quais são privados, limitando o acesso à prática do esporte.
“É preciso ampliar a base. Quanto maior a quantidade de jogadores, maior a chance de surgirem talentos excepcionais”, alerta Lawrie. Ele menciona que para que o país possa competir em alto nível, é fundamental aumentar o número de campos públicos, permitindo que a prática do golfe se torne acessível a uma população mais ampla, não restrita apenas à elite.
Visibilidade e ídolos no esporte
Lawrie argumenta que a participação brasileira nas Olimpíadas poderia ser uma oportunidade crucial para a popularização do golfe. O Brasil foi representado no golfe nas Olimpíadas de 2016 com três atletas, mas não conseguiu qualificar-se novamente para os Jogos de Tóquio e Paris. “Um ídolo no esporte com certeza faria a modalidade crescer. Países como a Argentina, com campeões como Ángel Cabrera, têm mais motivação e visibilidade”, explica Lawrie.
Ele salienta que, além dos grandes nomes que podem inspirar novos jogadores, a construção de campos abertos e acessíveis é essencial. “Os campos de golfe devem ser mais inclusivos, permitindo que jovens de diferentes estratos sociais se integrem à prática do esporte”, conclui.
O futuro do golfe brasileiro
Lawrie acredita que o desenvolvimento do golfe no Brasil e na América Latina implica na criação de novas competições, como a Copa Andes e a Los Volcanes. Essas competições permitirão que os jovens jogadores testem suas habilidades em nível internacional e se estimulem a crescer e competir.
Enquanto se reflete sobre o futuro do golfe no Brasil, Lawrie reafirma a importância de um trabalho consistente para que, com o tempo, o Brasil possa desenvolver talentos significativos que possam brilhar no cenário global do esporte. “Precisamos continuar trabalhando para que a próxima geração de golfistas tenha mais acesso e oportunidades de se destacar”, finaliza.
Ao olhar para o futuro, a esperança é que a combinação de maior investimento, mais oportunidades e a busca por um ídolo no golfe faça do Brasil uma potência reconhecida na modalidade. Com a estratégia certa, o país pode finalmente traduzir seu potencial em resultados concretos.