O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou em cena na corrida pela sucessão do governo do Rio de Janeiro, acentuando ainda mais as divisões dentro da direita. Em uma videochamada com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, na última sexta-feira (23), Bolsonaro deu seu apoio à candidatura do parlamentar, evidenciando a conturbada relação entre os diferentes grupos políticos que compõem essa ala do espectro político brasileiro.
Divisões dentro da direita fluminense
Durante a conversa, no entanto, Bolsonaro deixou claro que seu apoio não é irrestrito. O ex-presidente condicionou sua adesão à candidatura de Bacellar à ocorrência de qualquer fato que possa desabonar o parlamentar; nesse caso, a retirada do apoio seria imediata. Além disso, Bolsonaro insistiu em ter influência na escolha do candidato a vice, já indicando que o empresário Renato Araújo é o favorito, embora ele não tenha tido sucesso na sua última corrida eleitoral para a prefeitura de Angra dos Reis.
A escolha de Bacellar como candidato para suceder o atual governador Cláudio Castro gerou desconforto em diversos setores da direita. O pastor Silas Malafaia, por exemplo, afirmou que não se comprometerá com a candidatura de Bacellar, preferindo apoiar o ex-deputado Washington Reis, que, apesar de estar inelegível, é visto por Malafaia como uma opção mais viável. Essa situação ilustra a complexidade do cenário político atual, onde interesses e lealdades se entrelaçam de forma muitas vezes conflituosa.
Potencial apoio a Washington Reis
Recentemente, Bolsonaro comentou a seus aliados que, caso Washington Reis consiga reverter sua situação de inelegibilidade, ele o apoiará para a disputa do governo do Rio de Janeiro. Essa possibilidade de apoio a Reis demonstra a tensão que permeia a articulação da direita e sugere que as relações entre seus membros podem mudar rapidamente, dependendo das circunstâncias eleitorais e judiciais.
Racha no PL fluminense
O Partido Liberal (PL) no Rio de Janeiro também está passando por um período de descontentamento, especialmente após as decisões de partidos e lideranças como Flávio Bolsonaro, Cláudio Castro e Altineu Côrtes de apoiar Bacellar, que não é bem visto por uma parte significativa da bancada estadual. Essa divisão não é apenas estratégica, mas também reflete as disputas de poder dentro da própria legenda, que se vê dividida entre diferentes correntes e interesses.
Descontentamento e resistência dos deputados
Deputados federais que estão alinhados com Jair Bolsonaro relataram à coluna que não estão dispostos a fazer campanha para que Bacellar seja eleito, caso ele se consolide como o nome da direita para a disputa eleitoral ao governo do estado. Essa resistência revela um aspecto crítico da atual dinâmica política, onde a lealdade a um líder não garante automaticamente o suporte na base. A polarização e as rivalidades internas da direita podem complicar ainda mais a estratégia eleitoral para 2026.
Com tais movimentações políticas, o cenário para as eleições que se aproximam está se tornando cada vez mais imprevisível. A fragmentação das forças de direita no Rio de Janeiro poderá influenciar o resultado do pleito e, consequentemente, a configuração do governo no estado. Boris, a população aguarda atentamente os desdobramentos dessas disputas, que não apenas moldarão a política estadual, mas também construções nacionais a partir dos resultados que emergirem desse embate político.