Recentemente, a Universidade Pontifícia Santa Croce de Roma, em colaboração com a Harambee Africa International, organizou a conferência “Energia, Juventude e o Futuro: Uma Perspectiva Global sobre a Transição Sustentável da África”, em comemoração ao Dia de África 2025, que se celebra mundialmente em 25 de maio. Este evento foi mais do que um espaço de reflexão; foi uma oportunidade para reimaginar o papel essencial que o continente africano desempenha no cenário global, apresentando-se como um lugar repleto de recursos naturais e capital humano, com jovens dispostos a moldar um futuro dinâmico.
O Dia de África e os desafios energéticos
Os trabalhos foram iniciados por Isaac Kodjo Atchikiti, um jovem togolês radicado em Roma e especialista em finanças climáticas. Ele enfatizou a necessidade de uma África próspera, onde a inclusão juvenil não seja apenas um slogan, mas uma realidade. Segundo ele, para estabelecer uma África sustentável, é fundamental ter economias transparentes e estáveis, alicerces que permitirão comemorar sucessos tangíveis para o povo africano.
Atchikiti também destacou a importância da integração da Agenda de Desenvolvimento de Oslo, que busca promover um desenvolvimento inclusivo e sustentável, através de colaborações e consultas com múltiplas partes interessadas. Isso pode ser uma chave para desvelar a verdadeira potencialidade da África.
Planos de serviços energéticos elaborados em salas de reuniões
Musamamba Mubanga, uma jovem zambiana, trouxe à tona o testemunho sobre as interconexões entre energia, justiça climática, direitos humanos e segurança alimentar. Ela destacou que as questões energéticas em muitos países africanos costumam ser decididas em salas de reuniões distantes, sem a participação daquelas comunidades que mais sofrem as consequências. Mubanga afirmou que, para milhões de africanos, a luta por energia não é uma pauta política, mas uma questão diária de sobrevivência.
Mencionou também que em algumas regiões da África, 80% da população ainda tem acesso limitado à eletricidade e muitas famílias, especialmente em áreas da África Subsaariana, dependem do carvão para cozinhar, exacerbando problemas como a desflorestação. Para que haja avanços significativos na prestação de serviços energéticos, é imprescindível ouvir as opiniões e experiências de quem vive essa realidade diariamente.
Água e energia: pilares para o desenvolvimento
Fabio Tambone, Diretor de Regulação da ARER, comentou sobre o papel crucial da água e da energia no desenvolvimento sustentável da África. Ele ressaltou que o continente é rico em recursos, mas enfrenta desafios complexos que exigem uma abordagem inovadora na geração de energia. “É essencial desenvolver um sistema distribuído de geração de energia”, afirmou, alertando que, sem isso, o continente estará fadado a enfrentar os mesmos problemas por muitos anos.
Isabela Stoll, da GSE, trouxe à tona a importância da cooperação energética entre a Itália e os países africanos, enquanto Angela Cestari, do Grupo Italiano Cestari, finalizou o debate apresentando exemplos concretos de investimentos éticos e sustentáveis na região.
Harambee!
O evento foi inspirado no relatório “A Revolução Silenciosa”, da Harambee Africa International, que explora as contribuições da África na transição energética. O termo “Harambee”, em KiSwahili, significa “vamos unir-nos” e representa um espírito de autoajuda comunitária profundamente enraizado nas tradições africanas. Jomo Kenyatta, o primeiro presidente do Quênia, foi fundamental na popularização desse conceito, que se tornou essencial para o desenvolvimento comunitário.
Dia de África
O Dia de África, anteriormente conhecido como Dia da Liberdade Africana, celebra a resistência do continente ao colonialismo e à exploração. Para o povo africano e aqueles na diáspora, é um momento para destacar a diversidade cultural e as tradições ricas que moldam a identidade africana.
A conferência enfatizou que o papel da juventude na transição energética não pode ser subestimado. A participação ativa da nova geração é não apenas desejável, mas indispensável para que a África alcance todo o seu potencial e contribua de forma eficaz para um futuro sustentável, onde a inclusão e a justiça sejam prioridade.