Uma comitiva do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional iniciou uma série de vistorias e visitas técnicas a obras da Transposição do Rio São Francisco, em municípios de Pernambuco, do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Denominada “Caminho das Águas”, a visita deve durar quatro semanas e visa acompanhar o progresso e as condições das obras que são fundamentais para a distribuição de água na região semiárida do Brasil.
A visita do ministro e os desafios da transposição
Nesse domingo (25), o ministro Waldez Góes esteve na Estação de Bombeamento 1, em Cabrobó (PE), ponto onde começa a captação das águas do rio para a transposição no eixo norte. A obra foi finalizada em 2015, mas agora vai passar por melhorias. O local conta atualmente com dois conjuntos de motobombas, com capacidade de quase 25 metros cúbicos por segundo, e haverá uma duplicação dessa capacidade. A ordem de serviço para o início das obras será assinada na próxima quarta-feira (28) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará no município de Salgueiro, em Pernambuco.
“São muitos projetos e muitas ordens de serviço que serão dadas e é importante que a gente não só aumente a infraestrutura hídrica, disponibilizando água às pessoas, para o consumo e a produção de alimentos, mas que a gente cuide também do Velho Chico e isso tudo está na programação da comitiva”, destacou o ministro.
A importância econômica e social da transposição
A vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, também participou das visitas e enfatizou a importância econômica da transposição do São Francisco. Segundo ela, as áreas irrigadas a partir do São Francisco permitiram que Pernambuco se tornasse o estado que mais exporta frutas no país. “Somos responsáveis por quase 25% da fruta exportada e isso é resultado de um projeto de irrigação a partir das águas do São Francisco”, afirmou.
Durante a visita, a comitiva também conheceu a Barragem da Serra do Livramento, que tem capacidade máxima de quase 19 milhões de metros cúbicos. Essa obra trouxe benefícios significativos para os agricultores da região, como Emilson Pereira, que começou a plantar na área há cerca de 10 anos. Ele cultiva uma variedade de produtos, como mamão, maracujá, cebola e limão.
“Sinto só emoção quando vejo essa água correndo. Aqui era só mata, seco. Quando vim cercar isso aqui, me chamaram de doido e eu disse: não, é que estão dizendo que vão construir um canal e eu vou confiar neles”, lembrou.
Próximos passos e metas da comitiva
A comitiva seguirá nesta segunda-feira para o município de Mauriti (CE), onde será inaugurado o sistema de abastecimento de água do município. Este é mais um passo importante para assegurar que as comunidades da região tenham acesso à água potável e possam enfrentar a escassez hídrica, um dos principais desafios enfrentados pelo Nordeste brasileiro.
O projeto de transposição do Rio São Francisco
O projeto de transposição do Rio São Francisco foi iniciado em 2007 e compreende 477 quilômetros de extensão, organizados em dois eixos de transferência de água: o Eixo Norte, que conta com 260 quilômetros, e o Eixo Leste, com 217 quilômetros. Até o momento, a transposição já recebeu investimentos de R$ 12 bilhões, que incluem seus sistemas complementares de distribuição de recursos hídricos, vital para a sobrevivência e o desenvolvimento econômico da população nordestina.
A transposição do São Francisco é um exemplo de como intervenções de infraestrutura podem gerar impacto positivo em larga escala, mas também nos lembram da importância de uma gestão sustentável dos recursos hídricos, essencial não só para o desenvolvimento econômico, mas também para a preservação do meio ambiente.