Na última sexta-feira (23/05), o papa Leão XIV recebeu em audiência o arcebispo Bernardito Auza, núncio apostólico junto à União Europeia. A conversa abordou assuntos essenciais que moldam o futuro da Europa, especialmente em tempos de tensão devido à guerra na Ucrânia. Segundo Auza, as interações demonstram como a situação atual expõe “fraturas” entre os países europeus, especialmente nas questões de defesa militar e migração.
A intensidade do encontro
Descrevendo o encontro como “intenso”, Auza explicou que a troca de opiniões foi rápida, mas repleta de conteúdo significativo. Entre os tópicos discutidos, estavam a Inteligência Artificial, questões demográficas, familiares, os desafios da migração e como estes impactam a união entre os estados da região. “A Igreja mantém uma posição de solidariedade em relação à migração, atuando em ajuda às vítimas da guerra e do tráfico de pessoas”, ressaltou o arcebispo.
Desafios de defesa e unidade na Europa
Com o surgimento de novos desafios, a União Europeia enfrenta a necessidade de se fortalecer como um pilar de defesa. Auza comentou que, embora o foco principal seja a OTAN, a União Europeia deve também considerar sua capacidade de se reunir em torno da defesa, em meio a conflitos. “Pequenas fraturas”, como a contribuição de cada país para a defesa, revelam a fragilidade de uma estrutura que deveria ser unida na busca por paz e estabilidade.
O dilema da migração
A migração, que se tornou uma questão central nas políticas de muitos países europeus, está intimamente ligada à demografia e ao mercado de trabalho. O núncio ressalta que “equilibrar os direitos humanos, a solidariedade e a política de imigração é um dos maiores desafios atuais da Europa”. A Igreja se posiciona como defensora dos direitos dos migrantes, ao mesmo tempo que respeita as normas de cada nação.
Diálogo inter-religioso em foco
Auza enfatizou a importância do diálogo entre as religiões, destacando que a Igreja Católica mantém relações de trabalho com diversas denominações cristãs. Ele acredita que a colaboração inter-religiosa pode ser uma força poderosa para enfrentar questões globais, como a migração e as mudanças climáticas, que demandam um esforço conjunto. “Nesse sentido, unirmos nossas vozes pode aumentar nossa força persuasiva”, afirmou.
A urgência da questão ambiental
O encontro também destacou a relevância da encíclica Laudato si, cujo décimo aniversário será celebrado em 2025. Auza, que também atuou na delegação da Santa Sé durante as negociações do Acordo de Paris, relatará que vários líderes mundiais citaram o documento em seus discursos, reconhecendo a urgência da ação sobre questões ambientais. “É um imperativo moral e religioso, pois temos responsabilidades sobre o nosso planeta”, concluiu Auza.
O núncio apostólico demonstrou que o diálogo não só entre o papa e as instituições, mas também entre países e religiões, é crucial para o fortalecimento de políticas que beneficiam todos os cidadãos europeus. Há um reconhecimento crescente do papel da Igreja nesse processo, especialmente na promoção dos direitos humanos e da paz.
Com os desafios que a Europa enfrenta, restará a cada líder, cada nação e cada cidadão a responsabilidade de contribuir para a construção de um futuro de solidariedade e cooperação, em busca de uma Europa mais forte e unida.
Para mais detalhes sobre a audiência e os temas discutidos, confira a entrevista completa disponível no Vatican News.