Brasil, 29 de maio de 2025
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Desdobramentos do aumento do IOF enfrentam resistência jurídica e política

Decreto do governo Lula que elevou alíquotas do IOF deve passar por contestação no Judiciário e no Congresso, após reação de parlamentares e especialistas

O decreto do governo federal, assinado pelo presidente Lula na última quinta-feira, que elevou as alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), enfrenta resistência no Congresso e no sistema jurídico. Deputados e senadores de oposição apresentaram projetos para cancelar as medidas, enquanto tributaristas alertam sobre possibilidades de questionamento judicial.

Contexto e reações políticas ao aumento do IOF

Na Câmara e no Senado, tramita, respectivamente, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que busca sustar o decreto do presidente Lula. O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, e o deputado André Fernandes (PL-CE) são os principais autores das propostas, argumentando que o aumento ocorreu sem a devida discussão parlamentar.

“Isso foi feito sem dar tempo aos agentes econômicos de se organizarem para a arrecadação do imposto”, afirma Marinho, justificando a iniciativa. Apesar de o aumento no IOF para operações de crédito e aportes em previdência não precisar passar pelo Congresso, o uso do PDL possibilita sua eventual anulação pelo Legislativo.

Impactos econômicos e críticas do governo

Segundo as medidas divulgadas, o IOF em operações de cartão de crédito, débito e pré-pago no exterior aumentou de 3,38% para 3,50%, enquanto o IOF para aquisição de moeda em espécie subiu de 1,10% para 3,50%. Críticos, como o senador Rogério Marinho, avaliam que o governo “extrapolou a natureza regulatória do IOF ao adotá-lo como instrumento de equilíbrio fiscal de curto prazo”, o que pode prejudicar a competitividade das empresas brasileiras e desestimular investimentos no exterior.

Já o deputado André Fernandes alerta que o aumento pode frear ainda mais o crescimento econômico e a geração de empregos. A busca do governo por arrecadação adicional, estimada inicialmente em R$ 20 bilhões neste ano, tem sido vista por opositores como medida pontual para evitar um maior congelamento de emendas parlamentares.

Perspectivas jurídicas e possíveis contestações

Tributaristas destacam que a elevação das alíquotas do IOF levanta dúvidas jurídicas. Especialistas apontam que o aumento pode ser questionado frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente por alterar um imposto de natureza extrafiscal, cuja função principal é regular o mercado, não arrecadar recursos.

Eduardo Fleury, fundador do escritório FCR Law, afirma que operações de risco sacado, que antecipam valores de vendas a prazo, estão entre as que podem ser alvo de questionamentos. “É uma questão que está no limbo no direito brasileiro, porque o risco sacado poderia ser interpretado como uma simples transação de venda de títulos”, explica.

Além disso, especialistas ressaltam que o governo utilizou o aumento do IOF para fechar a conta das despesas públicas, mesmo que essa finalidade seja questionável desde o ponto de vista constitucional e do princípio da efetividade econômica. O analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, adverte que a insegurança jurídica pode afetar a confiança do mercado e a arrecadação futura.

Reações e desdobramentos futuros

O embate político e jurídico ao redor do aumento do IOF deve desencadear debates intensos nas próximas semanas. Ainda há chances de que tribunais julguem ações contra o decreto, sobretudo pelo caráter regulatório do tributo e pelas justificativas econômicas pouco claras apresentadas pelo governo.

Segundo especialistas, a discussão no STF pode revelar se o aumento atende às funções do imposto ou se representa um desvio de finalidade. Como apontado por Richard Dotoli, do escritório Costa Tavares Paes Advogados, essa questão deixa espaço para uma possível contestação a partir do princípio da efetividade econômica, que exige transparência e justificativas sólidas na implementação de mudanças tributárias emergenciais.

Para mais detalhes sobre o debate e seu impacto, acesse Source link.

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