Antônio José Müller Júnior, conhecido como Granada, é um dos principais membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e conseguiu uma significativa redução de pena na Penitenciária Federal de Brasília. Condenado a mais de 30 anos de prisão, Granada obteve a diminuição de 335 dias de sua sentença por meio do Enem e outros estudos realizados enquanto estava encarcerado.
A trajetória de estudos de Granada na penitenciária
Granada, que está preso desde 2019, convive na mesma unidade penitenciária que outros líderes do PCC, como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Marcos Roberto de Almeida, o Tuta. Apesar de ser elegível para progredir para o regime condicional ou conseguir outros benefícios, a sua influência dentro da facção e o seu histórico criminal impediram a sua liberação.
Para obter a redução de pena, Granada adotou uma rotina intensa de estudos. Ele participou de três edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos anos de 2022, 2023 e 2024. Entretanto, suas notas não foram suficientes para a aprovação em nenhum curso superior. Mesmo assim, a participação no exame garantiu a redução de 100 dias da pena, já que, segundo o regulamento do sistema, o abatimento é concedido apenas uma vez a cada cinco anos.
Além do Enem, Granada se dedicou a realizar cursos profissionalizantes e também participou de um concurso de redação promovido pela Defensoria Pública da União (DPU). O concurso tinha como tema a importância da alimentação de qualidade, um reflexo do esforço do apenado em mostrar um lado mais humano e educacional, mesmo em uma situação de encarceramento.
Saúde e condições de vida dentro da penitenciária
Recentemente, a saúde de Granada foi motivo de preocupação. A esposa de Marcola, Cynthia Gigliolli Herbas Camacho, afirmou que Granada estava com problemas de saúde, apresentando debilidade e intoxicação alimentar. No entanto, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) desmentiu essas informações, indicando que estava tudo sob controle dentro da unidade prisional.
Seus cuidados de saúde em um sistema penitenciário tão conturbado são essenciais, e a situação dos líderes do PCC é frequentemente analisada tanto pelas autoridades quanto pela opinião pública, em virtude da reputação e influência que eles exercem mesmo dentro das prisões.
A influência de Granada no PCC e o sistema penitenciário
Granada é um dos membros mais influentes do PCC. Condenado por corrupção ativa e por fazer parte de uma organização criminosa, ele já exerceu um grande poder de liderança, o que lhe permitiu ter acesso a regalias dentro do sistema prisional. Mesmo após diversas transferências entre cadeias, sua influência foi determinante para que retornasse ao sistema federal, onde se encontra atualmente.
Como responsável pela contratação de advogados para a facção, suas ações reforçam o quanto a estrutura do PCC se estende para além das grades, influenciando e manipulando situações diversas, e ainda mantendo uma rede de apoio fora das prisões. Sua história é um exemplo do desafio que o sistema judicial enfrenta ao lidar com organizações desse tipo, porque, mesmo encarcerados, muitos membros continuam a orquestrar atividades criminosas.
Granada atualmente cumpre pena em uma cela isolada na Penitenciária Federal de Brasília, sem contato direto com outros integrantes da facção, uma estratégia adotada pelas autoridades para minimizar sua influência. Contudo, o impacto das suas ações e as consequências que elas trazem para o combate ao crime organizado ainda são amplamente debatidos.
Com uma pena que foi reduzida em mais de 10 meses através de estudos, Granada mantém-se como um exemplo da complexidade do sistema penitenciário brasileiro, que proporciona oportunidades de educação, mas também abre brechas para que a criminalidade continue a prosperar mesmo entre as grades.
Esta situação levanta questões importantes sobre como o sistema penal pode lidar com indivíduos de alto risco, que possuem redes de apoio e influência, e quais medidas devem ser implementadas para garantir que a educação não se torne uma ferramenta para a perpetuação do crime organizado.