Brasil, 25 de maio de 2025
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Pererecas brasileiras dormem em locais espinhosos para se proteger

Estratégia evolutiva das pererecas busca proteção em plantas urticantes.

No vasto mundo da natureza, a sobrevivência é uma constante, e a adaptação tornou-se uma aliada essencial para diversas espécies. Um exemplo fascinante vem das pererecas brasileiras que, apesar de terem pele sensível, frequentemente escolhem descansar em plantas com espinhos ou estruturas urticantes, como a urtiga. Essa tática, embora pareça arriscada, revela-se uma estratégia evolutiva engenhosa para escapar de predadores. O herpetólogo Willianilson Pessoa explica como esse comportamento se desenvolveu ao longo do tempo.

A dança entre risco e proteção

As pererecas, membros da ordem dos anuros, são notáveis escaladoras e habitam predominantemente árvores e arbustos, onde podem facilmente se refugiar. Espécies do gênero Boana e Dendropsophus já foram observadas repousando sobre espinhos, uma escolha que muitos podem considerar surpreendente. Segundo Pessoa, “os animais não escolhem conscientemente onde vão dormir ou se esconder. Esse comportamento surge ao longo do tempo, pela chamada pressão seletiva.”

Neste contexto, aqueles indivíduos que se abrigam em locais de difícil acesso para os predadores aumentam suas chances de sobrevivência e, consequentemente, de reprodução. Assim, essa estratégia se perpetua, demonstrando a incrível capacidade de adaptação das pererecas.

Como as pererecas lidam com as plantas urticantes?

A pele das pererecas é fina e sensível, mas evolutivamente adaptada para suportar os desafios de seu habitat. O peso leve dessas criaturas desempenha um papel crucial: reduz a pressão exercida sobre espinhos ou tricomas, minimizando o risco de ferimentos. Além disso, a produção de muco é uma adaptação adicional. Esse muco não apenas impermeabiliza o corpo, mas também serve como uma proteção contra arranhões e picadas.

“Esse muco pode impedir que um espinho perfure a pele ou, se isso acontecer, que uma reação grave ocorra”, explica Pessoa. Adicionalmente, a estrutura da pele das pererecas apresenta características diferenciadas. “O ventre, onde elas se apoiam, é mais espesso e rugoso em comparação ao dorso, garantindo maior resistência nas áreas de contato.”, complementa.

Pressão evolutiva e a lógica da sobrevivência

O comportamento das pererecas ilustra um conceito fundamental na biologia: a adaptação evolutiva mediada pela predação. “Na natureza, a sobrevivência não é romântica. Os animais estão constantemente tentando não morrer”, destaca Pessoa. Cada aspecto do comportamento animal reflete uma consideração cuidadosa entre risco e benefício.

Essa dinâmica é exemplificada pelo chamado ‘trade-off’. Quando um macho vocaliza para atrair fêmeas, por exemplo, ele se expõe ao reconhecimento de predadores. Portanto, muitos anfíbios optam por se refugiar em locais menos confortáveis, porém mais seguros, como plantas espinhosas.

Outros exemplos de estratégias defensivas na natureza

Além das pererecas, outras espécies também utilizam plantas espinhosas como abrigo. Na região da Caatinga, lagartos do gênero Tropidurus têm o hábito de descansar em cactos, como o mandacaru. Aves, como o corrupião (Icterus jamacaii), também escolhem se abrigar entre os ganchos formados pelos ramos desses cactos, mostrando que essa estratégia defensiva é amplamente adotada na natureza.

A importância da observação no campo

O herpetólogo enfatiza a importância de um olhar atento ao comportamento animal em seu ambiente natural. Muitas vezes, pesquisadores se concentram na coleta de espécimes e análises laboratoriais, negligenciando a história natural que revela as complexas relações entre os animais e seu habitat. “Como naturalista, gosto de observar cada detalhe. É fascinante ver uma perereca tão sensível repousando em meio a espinhos. Isso demonstra o quão surpreendente e sofisticada é a evolução”, conclui Pessoa.

A defesa das pererecas do Brasil, ao escolherem locais espinhosos para descansar, exemplifica a beleza e a engenhosidade das adaptações evolutivas. Ao observar esses comportamentos, somos lembrados de que a luta pela sobrevivência é um componente intrínseco da vida na Terra.

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