No cenário político brasileiro, o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou uma campanha nas redes sociais em apoio à primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja. A iniciativa surge após críticas direcionadas à primeira-dama, que se manifestou sobre o algoritmo do TikTok em um jantar com o presidente chinês, Xi Jinping, afirmando que a plataforma favorece influenciadores de extrema-direita.
A defesa de Janja e a hashtag #EstouComJanja
Na peça de divulgação da campanha, o PT destacou a posição firme de Janja em prol de um ambiente digital mais seguro, especialmente para mulheres, crianças e adolescentes, que são os principais alvos de crimes virtuais. A mensagem buscou levantar a hashtag #EstouComJanja como um símbolo de apoio, reforçando o compromisso da primeira-dama com questões sociais e de segurança digital.
Entretanto, mesmo com o esforço do partido, o assunto não conseguiu emplacar nos trending topics do Twitter. Questões políticas mais relevantes, como o depoimento do ex-ministro Aldo Rebelo no inquérito relacionado aos atos do 8 de Janeiro e o recuo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na mudança da cobrança do IOF, tomaram a liderança nas discussões da rede social.
No Instagram, a contagem de publicações relacionadas à campanha foi de menos de 100, indicando que a mobilização em torno de Janja não alcançou a ressonância esperada.
Direita se posiciona e Janja responde a críticas
Enquanto a campanha do PT lutava para ganhar visibilidade, perfis alinhados à direita continuaram a explorar a declaração de Janja. O deputado federal Marcel Van Hattem, do Novo-RS, compartilhou trechos de uma entrevista que Janja deu à Folha de S. Paulo, onde ela é acusada de defender um “modelo chinês de prisão por opinião” em relação a regulamentações nas redes sociais.
Janja, em sua defesa, mencionou que o vazamento sobre o encontro com o presidente da China foi uma manifestação de machismo, indicando que a crítica à sua figura poderia estar atrelada a preconceitos de gênero.
O papel de Lula na discussão
Após a polêmica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista à imprensa que foi ele quem iniciou a questão sobre as redes sociais durante o encontro com Xi Jinping. Segundo Lula, Janja “pediu a palavra” para discutir os abusos sofridos por mulheres e crianças nas redes, mostrando seu compromisso com o tema.
— Fui eu que fiz a pergunta. Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital, e sobretudo o TikTok. E aí a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e contra as crianças — declarou Lula, sublinhando a importância do discurso da primeira-dama no contexto da proteção digital.
Essa situação evidencia as complexas dinâmicas sociais e políticas em jogo. A campanha do PT tenta dar um respaldo a Janja, porém, a falta de tração nas redes sociais aponta para uma dificuldade em mobilizar a população em torno de sua mensagem. Enquanto isso, as críticas se intensificam e a discussão sobre segurança digital se torna cada vez mais relevante no Brasil, suscitaria novos debates sobre o papel das redes sociais e a proteção dos usuários, especialmente os grupos mais vulneráveis.
O futuro da questão digital e a resposta do governo às narrativas que emergem nas plataformas sociais parecem estar longe de um consenso e continuarão a ser temas centrais no diálogo político no país.