Aos pés do Cristo Redentor, um dos principais símbolos do Rio de Janeiro, integrantes da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) se reuniram entre os dias 20 e 24 de maio de 2025, na Pontifícia Universidade Católica. O encontro teve como foco um apelo global por justiça climática, com o objetivo de “impactar e exigir com firmeza o cuidado da nossa casa comum”, conforme destacou a secretária da CAL, Emilce Cuda.
A voz das instituições
A ação reuniu 230 universidades públicas, privadas, seculares e religiosas das Américas e da Europa, todas antecipando a COP30 que acontecerá em Belém. Essa coalizão se ergueu como “uma voz coletiva em resposta à urgência global”, refletindo sobre o 10º aniversário da encíclica Laudato si’, que convocou a comunidade acadêmica a fortalecer um caminho de esperança e transformação. A RUC sublinhou que “a crise climática não é uma ameaça futura, mas uma realidade presente que afeta desproporcionalmente os povos e comunidades mais vulneráveis”.
A responsabilidade das universidades
Os participantes enfatizaram que as universidades têm uma “responsabilidade ética, científica, pedagógica e institucional” para agir perante a crise climática. O documento produzido durante o encontro implora por um “exercício efetivo da justiça ecológica, social e ambiental”, atendendo aos clamores da Terra e dos povos mais desfavorecidos. Além disso, a RUC pediu que Estados e organizações multilaterais promovessem um equilíbrio entre a dívida pública dos países menos industrializados e a dívida ecológica dos países desenvolvidos, destacando a importância de uma abordagem mais justa e inclusiva nas negociações internacionais de clima.
Dívida social e ecológica
Os participantes buscaram estabelecer uma ponte entre diferentes setores da sociedade, promovendo um diálogo sincero para desenvolver estratégias globais de cuidado compartilhado. Eles também se comprometeram a fortalecer uma educação transformadora que vincule as dimensões ecológica, social, econômica, cultural e espiritual do desenvolvimento sustentável, preparando as futuras gerações para viver com responsabilidade e justiça.
A posição do CELAM
O compromisso da RUC foi também reafirmado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM). Em declaração, seu secretário-geral, Dom Lizardo Estrada, ressaltou que “não podemos mais ignorar que vivemos uma única crise, tanto climática quanto social”. Segundo ele, a degradação ambiental e as suas consequências geram deslocamentos, doenças e perdas culturais, elementos que constituem uma forma de violência contra a dignidade humana.
A urgência da ação
Os participantes chamaram a atenção para a urgência no cuidado do meio ambiente como um reflexo do cuidado pela vida. Dom Lizardo salientou que “cuidar do meio ambiente é cuidar da própria vida”, pois não há saúde nem futuro sem uma Terra habitável. O apelo é por uma ação corajosa das universidades, que devem ir além de gestos simbólicos e assumir um papel ativo na proteção da criação e na defesa da dignidade humana.
“É hora de agir, de dar o exemplo, de viver com sobriedade e de exigir um novo modelo de desenvolvimento centrado no bem comum”, concluiu Dom Lizardo, reafirmando que a esperança deve ser uma força ativa e transformadora capaz de impulsionar essa mudança necessária em nossas relações com a natureza.
Assim, o encontro se tornou um marco importante não apenas para a RUC, mas para todas as instituições que acreditam na responsabilidade compartilhada pelo cuidado da Terra e na promoção da justiça social.
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