Com mais de meio século de funcionamento, a Lavanderia Comunitária do Bairro Ilhotas, em Teresina, se consolidou como uma referência em trabalho digno, fortalecimento de vínculos e valorização da mulher trabalhadora. Fundada em 1972 e mantida pela Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), a unidade oferece, há 53 anos, condições para o exercício do ofício tradicional de lavadeiras — uma atividade que sustenta famílias inteiras e é passada de geração em geração.
Um espaço para lavadeiras
Atualmente, 23 lavadeiras estão cadastradas e utilizam o espaço diariamente, das 7h às 19h. O atendimento é coordenado há oito anos por Elisiane Lustosa, que tem buscado fortalecer a integração, o respeito mútuo e a promoção de ações sociais no ambiente de trabalho. Segundo Elisiane, “as lavadeiras da Ilhotas são acolhedoras e receptivas. Trabalhamos constantemente a socialização entre elas, com atividades comemorativas, ações educativas e serviços de saúde. Esse trabalho conjunto promove bem-estar e fortalece os laços entre todas”.
Ações integradas e atendimento humanizado
O espaço vai além da prestação de serviços. A lavanderia funciona como um centro comunitário multifuncional, com atividades complementares que beneficiam as trabalhadoras. Dentre as ações promovidas ao longo dos últimos anos, destacam-se atendimentos terapêuticos com profissionais da saúde mental, palestras com especialistas e representantes de órgãos públicos, missas e cultos ecumênicos, realização de exames rotineiros com equipe de enfermagem, eventos comemorativos em datas significativas como o Dia Internacional da Mulher e visitas técnicas para manutenção estrutural.
Em 2023, foi realizada uma grande ação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, com palestras educativas, atendimentos de saúde e estética, atividades culturais e serviços sociais, consolidando a lavanderia como um espaço de cuidado integral.
Infraestrutura e apoio às famílias
Instalada em um prédio com múltiplos serviços comunitários, a lavanderia conta com uma cozinha onde as lavadeiras podem fazer suas refeições. O complexo também abriga uma horta comunitária, quadra de esportes, a Associação Fraternidade e a Associação das Mulheres do Bairro Ilhotas (AMBI), ampliando o impacto social do espaço na comunidade local. A segurança do prédio é garantida com vigias diurnos e noturnos, proporcionando tranquilidade e proteção para todas as trabalhadoras e frequentadores.
Atualmente, a lavanderia atende mais de 100 clientes, sendo uma importante fonte de renda para dezenas de famílias. Os serviços são realizados por profissionais com anos de experiência e vínculo afetivo com o ofício.
Histórias que inspiram
Dona Rita de Cássia Pereira, moradora do bairro Santa Tereza, completará 38 anos de trabalho na lavanderia em agosto. “Criei meus sete filhos aqui dentro. O mais novo tinha três anos quando comecei”, lembra. Hoje, o mais novo tem 40 e o mais velho, 49. Dona Rita chega às 5h da manhã, prepara seu alimento na cozinha — com fogão e mesa fornecidos pela Sasc — e inicia a jornada que só termina às 19h. “Essa lavanderia é tudo pra mim”, diz, com lágrimas nos olhos.
Um espaço de pertencimento
Outra veterana é Lucilene Tito de Lima, a Dona Lúcia, que iniciou na lavanderia em 1973. Filha de lavadeira, morava nos trilhos atrás da lavanderia e lavava roupas no rio. Foi convidada por Alberto Silva, governador do Estado na época, a se juntar ao espaço. “Na época, éramos 83 lavadeiras”, recorda. Hoje, mãe de quatro filhos, Dona Lúcia resume: “Lugar bom. Dá renda. E gosto muito da nossa coordenadora”, finaliza.
Compromisso com o futuro
A Lavanderia Comunitária Ilhotas reafirma seu compromisso com a promoção da cidadania, da dignidade e da economia popular. A Sasc, por meio da manutenção da estrutura e das ações integradas, garante que o espaço continue sendo referência em assistência social, inclusão produtiva e empoderamento feminino.
