A necessidade de um compromisso coletivo para cuidar da Casa Comum foi o foco central do II Encontro da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC), que ocorreu de 20 a 24 de maio de 2025, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Com dez anos de Laudato si’, o evento busca refletir sobre a “Dívida Ecológica e Esperança Pública”, preparando o terreno para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30).
Dívida ecológica e seus desafios
Durante o encontro, debates concentraram-se em torno dos quatro sonhos propostos na Exortação Apostólica Querida Amazônia. O sonho ecológico se destacou, enfatizando a necessidade de pensar a economia de forma integrada à natureza. Padre Modino, do Rio de Janeiro, contribuiu com sua visão, expondo que o maior desafio é levar a mensagem de cuidar da Casa Comum a todos os níveis da sociedade.
A inicial reflexão proposta pelo evento remete ao primeiro encontro da RUC, realizado no Vaticano em 2023, onde o Papa Francisco alertou sobre o mal uso da herança comum. Pequenos grupos têm explorado os recursos naturais em detrimento do bem-estar social, apresentando consequências que afetam diretamente as comunidades vulneráveis, tornando-se necessário adotar métodos criativos para proteger o meio ambiente.
Métodos criativos para proteger a natureza
No intuito de abordar a relação entre a Dívida Pública e a Ecologia, várias experiências foram compartilhadas, incluindo uma atuação em Nova Iorque, no Bronx. Essas iniciativas busca apoiar áreas com dupla vulnerabilidade — econômica e ecológica. Dom Lizardo Estrada, secretário geral do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), afirmou que o trabalho em rede é vital para unir as vozes da Igreja na América Latina com a do Papa, de forma a promover justiça social.
O padre Roman Pardo, da Pontifícia Universidade de Salamanca, chamou atenção para a necessidade de uma discussão sobre a dívida social e ecológica, destacando que ela é um reflexo das desvantagens históricas enfrentadas por países em desenvolvimento. Assim, um chamado à justiça social emerge como uma primazia a ser abordada nas discussões inclusas nesse evento.
A importância da Laudato si’
O cardeal Leonardo Steiner ressaltou a relevância da Laudato si’ como um guia não apenas para a reflexão sobre a dívida, mas também para uma conversão ecológica necessária. A Laudato si’ se apresenta com propostas significativas ao unir a economia com a esperança, abrindo espaço para hermenêuticas que promovam novas perspectivas sobre a convivência entre seres humanos e o meio ambiente. O apelo é que se encontre um equilíbrio entre progresso e respeito aos direitos das futuras gerações.
O evento também frisou a importância da tecnologia no manejo dos recursos naturais, mas sempre alertando sobre a necessidade de não permitir que ela domine relações humanas fundamentais. A busca por soluções mais sustentáveis é um imperativo que não pode ser ignorado.
Necessidade de cuidar da Casa Comum
Até mesmo nas esferas acadêmicas, existem responsabilidades que devem ser assumidas para proteger a Casa Comum. A reflexão conjunta evidenciou a urgência de encorajar estudantes universitários a se tornarem defensores ativos dos direitos da Terra, considerando as contribuições significativas que a academia pode fazer à luta contra a crise climática.
Afinal, a hora é de tomar decisões. A necessidade de estabelecer um marco jurídico que possa ser apresentado na COP 30 é um passo essencial. Para que essas ferramentas se tornem eficazes, é vital que as universidades unem esforços e mobilizem suas comunidades em um clamor forte por mudanças.
Com o II Encontro da RUC encerrado, há um sentimento renovado de esperança e um chamado à ação. Os participantes estão mais conscientes de que as vozes unidas não apenas podem influenciar mudanças, mas também podem inspirar uma nova geração de líderes focados em restaurar a relação harmoniosa entre o ser humano e sua Casa Comum.
As propostas surgidas nesse espaço de reflexão são mais do que meras palavras; são um convite à ação concreta em um meio ecologicamente afetado e socialmente desigual. O caminho é longo, mas com determinação e colaboração, há a esperança de que mudanças significativas possam ser alcançadas até a COP 30.