Brasil, 24 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Governo Lula enfrenta crise com mudanças no IOF e repercussões

Medidas do governo geraram resistência no mercado financeiro e exigiram recuos rápidos, revelando falhas na comunicação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se vê diante de mais uma crise em seu governo, que já enfrenta os efeitos negativos do escândalo de descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desta vez, a polêmica envolve mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), recentemente anunciadas pelo Ministério da Fazenda, que provocaram reações adversas e obrigaram a gestão a recuar em vários pontos.

Entenda os recuos nas mudanças do IOF

Na última quinta-feira (22), o ministério divulgou medidas que tinham como objetivo aumentar a arrecadação do governo federal. No entanto, a reação negativa do mercado financeiro e a pressão nas redes sociais forçaram uma rápida reversão das decisões. A seguir, destacam-se os principais pontos revogados:

  • A taxação sobre aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior foi inicialmente fixada em 3,5%, mas o governo voltou atrás e restabeleceu a isenção.
  • Além disso, a cobrança de IOF sobre remessas ao exterior por pessoas físicas permanecerá inalterada, mantendo a alíquota vigente de 1,1% para investimentos.

De acordo com especialistas, a falta de uma comunicação clara por parte do governo tem contribuído para o crescimento da desinformação e dos “ruídos” nas redes sociais. Daniel Dubosselard Zimmermann, professor do MBA em Marketing Político e Campanhas Eleitorais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), destacou que o governo precisa desenvolver suas ideias de forma mais estruturada antes de comunicá-las publicamente. “Infelizmente, como o atual governo não domina a linguagem das redes, o resultado acaba sendo uma enxurrada de ruídos”, afirma.

Paulo Ramirez, professor de ciências políticas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), complementa que os efeitos negativos sobre a imagem de Lula têm sido pontuais, uma vez que a alteração do IOF não afetará a maioria dos brasileiros. Contudo, ele ressalta que o governo deve repensar sua abordagem ao divulgar suas ações, sugerindo que seria mais eficaz verificar a reação da sociedade e agir com mais prudência.

“O ideal seria insinuar o que poderia fazer, esperar a reação da sociedade e, assim, observar qual o resultado. Porém, o que ocorre com o presidente Lula é o oposto”, finaliza Ramirez.

Na noite do anúncio, ministros da Casa Civil, Relações Institucionais e Secretaria de Comunicação se reuniram para discutir o impacto das mudanças. Porém, a presença de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não se fez notar. De acordo com assessores, a proposta não havia sido previamente avaliada pela Secretaria de Comunicação, que normalmente gerencia questões de crise. Apesar do erro, acredita-se que a Fazenda agiu rapidamente para minimizar os danos.

Impacto das mudanças no IOF na arrecadação pública

O IOF incide sobre operações de crédito, câmbio e seguros. O governo previa que, com as novas mudanças, a arrecadação chegasse a R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026, totalizando R$ 61,5 bilhões. Contudo, a revogação dos pontos polêmicos deve exigir um aumento no contingenciamento de gastos, já anunciado pelo ministério. Na mesma coletiva, o ministro Haddad confirmou que a revogação poderia necessitar ajustes nas despesas programadas.

“Podemos ter que ampliar o contingenciamento ou fazer um ajuste nessa faixa”, afirmou Haddad, ressaltando a urgência da readequação fiscal em meio à instabilidade da arrecadação.

Este episódio é mais um desafio na trajetória da administração Lula, que enfrenta a necessidade de se reposicionar em um cenário político e econômico complexo e polarizado. A construção de uma estratégia comunicacional mais eficaz poderá ser a chave para minimizar os ruídos e manter a confiança da população nas ações do governo.

Leia mais sobre a crise do governo Lula em Metrópoles

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes