Nesta sexta-feira (23), o governo do Brasil expressou sua insatisfação após a União Europeia classificar o país como de risco médio em uma lista de nações associadas ao desmatamento. A classificação faz parte da nova lei europea de combate ao desmatamento, que entrará em vigor em 30 de dezembro de 2025, e tem causado reações diplomáticas do governo brasileiro.
Impacto da legislação europeia e posição do Brasil
A UE criou uma legislação que proíbe a importação de produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas a partir de 2020, abrangendo commodities como café, soja, óleo de palma, madeira, carne bovina, cacau e borracha. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a lista de risco médio inclui países como Indonésia, Malásia, México e Argentina, enquanto outros, como Rússia e Coreia do Norte, estão classificados como de alto risco.
Reação do governo brasileiro
O Itamaraty afirmou que a classificação é uma medida que desconsidera os esforços nacionais e multilaterais de preservação ambiental. “A legislação, com entrada em vigor prevista para 30 de dezembro de 2025, constitui medida unilateral e discriminatória e desrespeita os esforços do Brasil na conservação de suas florestas e no enfrentamento às mudanças climáticas”, destacou nota oficial.
“O Brasil continuará insistindo com as autoridades comunitárias para que privilegiem o diálogo e a cooperação”, acrescentou o comunicado, que também destacou a necessidade de considerar as especificidades dos sistemas produtivos brasileiros e de outros países com grandes áreas de floresta.
Controvérsia e próximos passos
A lista e a metodologia utilizada pela UE serão detalhadamente examinadas pelo governo brasileiro, que considera a classificação de risco superior à de outros países com menor cobertura de floresta tropical nativa. Segundo o Itamaraty, a lista causa “estranheza” por colocar na mesma categoria países com populações e extensões de floresta distintas.
Para o ministério, a classificação pode gerar impacto negativo na economia brasileira, especialmente para produtores de menor escala, além de afetar as exportações do país. “Reiteramos nossa disposição ao diálogo e à cooperação internacional, buscando uma abordagem mais justa e equilibrada”, concluiu o comunicado.
Perspectivas futuras
O governo brasileiro continuará dialogando com as autoridades europeias para esclarecer as diferenças de critérios e defender uma abordagem que leve em conta as especificidades nacionais. A expectativa é que o debate contribua para uma avaliação mais justa e colaborativa na gestão do comércio internacional e da preservação ambiental.