O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (23) que poderá aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia e uma de 25% sobre smartphones fabricados no exterior, intensificando a disputa comercial em uma escalada que preocupa mercados globais. As declarações foram feitas durante uma declaração no Salão Oval, sinalizando uma forte postura de confrontamento.
Reforço na ameaça de tarifas à UE e ao setor de tecnologia
Trump declarou que a tarifa de 50% sobre produtos europeus entrará em vigor em 1º de junho, caso as negociações não avancem. “Eu apenas disse que está na hora de jogarmos do jeito que eu sei jogar”, afirmou, criticando a demora nas negociações e as ações da UE, que, segundo ele, atrasam acordos comerciais e atacam empresas americanas por meio de processos judiciais e regulamentações.
Repercussões no mercado e opiniões de especialistas
A decisão provocou forte impacto nos mercados financeiros, com o Dow Jones caindo 0,6%, o S&P 500 recuando 0,7% e o Nasdaq, de tecnologia, perdendo 1%. A empresa Apple, que é alvo das ameaças tarifárias, viu suas ações caírem quase 4%, chegando a uma baixa de 3,03% no fechamento. Analistas como Jeffrey Sachs condenaram as tarifas, classificando-as como um “analfabetismo econômico” e criticando a postura de Trump na guerra comercial.
Medidas que podem afetar empresas e consumidores
Trump também afirmou que quaisquer dispositivos importados, incluindo os da Samsung e outros fabricantes, podem ser tarifados em 25%. “Se não for justo, não seria justo”, justificou. O governo americano busca implementar essas tarifas até o final de junho, visando pressionar parceiros comerciais a negociar melhores acordos, ainda que essa postura tenha recebido críticas de líderes europeus e economistas internacionais.
Reações diplomáticas e negociações em dificuldades
O primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, classificou a proposta de Trump como “profundamente decepcionante”, destacando que tarifas prejudicam todas as partes envolvidas e que negociações devem ser feitas com cautela. Enquanto isso, o bloco europeu tenta reativar as conversas, com propostas que incluem a redução de barreiras tarifárias e o fortalecimento de cooperação econômica, mas sem avanços concretos até o momento.
Contexto e impacto internacional
As ameaças de Trump representam uma nova rodada de tensão que pode afetar US$ 321 bilhões em comércio entre EUA e UE, além de reduzir o PIB americano em aproximadamente 0,6%, conforme cálculos da Bloomberg Economics. Especialistas alertam que a escalada dos conflitos comerciais pode desacelerar o crescimento global e aumentar a instabilidade nos mercados internacionais.
Outro ponto relevante é a postura do presidente dos EUA em relação à Apple e Samsung, ao afirmar que as empresas devem fabricar seus dispositivos nos EUA para evitar tarifas. “Eu tinha um entendimento com o Tim Cook, da Apple, de que eles não fariam isso, mas eles vão transferir parte da produção para a Índia e, se fizerem isso, terão que pagar tarifas ao vender aqui”, declarou Trump.
Perspectivas futuras
As negociações ainda apresentam dificuldades, com autoridades europeias e analistas considerados céticos quanto a um entendimento imediato. A União Europeia enviou uma proposta de reativação das conversas, mas alguns líderes, como o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, assinalam que algumas negociações podem ser “impossíveis”. O prognóstico é de maior instabilidade nas relações comerciais internacionais até que haja um avanço nas negociações.
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