O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, elogiou nesta sexta-feira (23/5) a “tempestividade” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao revogar parte do aumento nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro.
Reação rápida e reconhecimento pelo mercado
As medidas provocaram repercussão negativa no mercado financeiro, levando o governo a retornar, em poucas horas, à alíquota original do imposto, após o anúncio do aumento. Segundo Galípolo, essa rapidez demonstra o entendimento do Ministério da Fazenda sobre a importância da estabilidade econômica e a sensibilidade às reações do mercado.
Durante o XI Seminário de Política Monetária, realizado pelo Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV no Rio de Janeiro, o presidente do BC afirmou que, atualmente, “a questão fiscal no Brasil passa quase por um trilema” devido à complexidade do cenário.
Ele destacou também o esforço do ministro Haddad e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, em participar do debate fiscal, e elogiou a postura democrática do ministro ao ouvir as reações e corrigir a trajetória do projeto sem causar maiores prejuízos.
A importância do esforço fiscal e posição sobre o IOF
“Ficou claro que o objetivo do Ministério da Fazenda era cumprir a meta fiscal, promovendo justiça tributária e sustentabilidade”, afirmou Galípolo. Apesar de sua antipatia pessoal ao IOF sobre remessas ao exterior, ele deixou claro que essa posição não interfere em suas funções institucionais, mantendo a separação entre as políticas monetária e fiscal.
Reunião prévia ao recuo
De acordo com apuração da coluna Igor Gadelha, o Palácio do Planalto consultou Galípolo antes do anúncio do recuo nas alíquotas. No encontro, o presidente do BC manifestou sua oposição ao uso do IOF como instrumento de ajuste fiscal, reforçando sua resistência à medida.
Em images, Galípolo foi visto com o presidente Lula e integrantes do governo, reforçando sua influência no debate político e econômico do momento.
Recuos nas alíquotas do IOF
O primeiro recuo refere-se à tributação das aplicações de fundos nacionais no exterior, cuja alíquota foi revertida de 3,5% para zero, após a reação do mercado. O segundo envolve a cobrança sobre remessas ao exterior por pessoas físicas, que permanece hoje em 1,1%, sem alterações.
Segundo a pasta, esses ajustes foram feitos de forma “equilibrada”, ouvindo o país e corrigindo rumos sempre que necessário. O governo viu a necessidade de reavaliar as mudanças para evitar maiores impactos econômicos.
“Foi uma resposta rápida ao entendimento de que o aumento das alíquotas poderia prejudicar o clima de confiança e a sustentabilidade fiscal”, destacou o ministério em publicação no X (antigo Twitter).
Essa ação ilustrada por Galípolo reforça a importância do diálogo entre o BC e o Ministério da Fazenda na condução das políticas econômicas em tempos de desafios fiscais.
Fonte: Metropoles