Brasil, 23 de maio de 2025
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Brasileiros enfrentam medo e incerteza para estudar nos EUA

Estudantes brasileiros estão cada vez mais apreensivos com a situação política nos EUA sob a presidência de Donald Trump.

A presidência de Donald Trump tem gerado impactos diretos na vida de estudantes brasileiros nos Estados Unidos. Cortes na educação e políticas de imigração mais rigorosas têm sido relatados por aqueles que vivem e estudam no país. Alunos que já estão nos EUA mostram-se apreensivos com a possibilidade de deportação, enquanto aqueles que planejavam viajar repensam seus planos ou enfrentam o cancelamento de programas educacionais.

O panorama atual dos estudantes brasileiros nos EUA

De acordo com dados do governo americano, mais de 41 mil estudantes brasileiros estavam registrados nos Estados Unidos em 2024, um número que se aproxima dos índices pré-pandêmicos. Apesar do número elevado, muitos brasileiros relatam incerteza e se sentem inseguros, optando por permanecer anônimos para evitar possíveis repercussões.

Relatos de medo e insegurança nos campi universitários

Uma estudante maranhense de 31 anos, residente em Connecticut desde 2022, compartilha sua experiência após ter participado de protestos pró-Palestina. Ela ficou surpresa ao ver a polícia sendo chamada para dispersar os manifestantes. “A situação é diferente, e a branquitude do estado amplifica minha sensação de insegurança”, comenta.

Ela relata que representantes da universidade começaram a se reunir semanalmente com os alunos internacionais, deixando claro que não podiam prever o futuro e não tinham recursos para apoiá-los. “Chegaram a sugerir que eu excluísse minhas redes sociais por questões de segurança”, revela. Embora tenha decidido continuar seus estudos com um doutorado, ela prefere não revelar seu nome devido ao medo que a situação instaurou.

A realidade dos acadêmicos em tempos de Trump

O antropólogo David Nemer, professor dos EUA há uma década, também tem sentido o impacto das políticas de Trump. Ele é conhecido por suas pesquisas sobre extrema direita e fake news e já enfrentou ameaças por seu trabalho. Nemer está em um período sabático no Brasil e observa uma queda significativa no interesse de estudantes brasileiros em sua área. “Enquanto Biden estava no governo, recebia até 23 pedidos de estudantes. Desde a atuação de Trump, tive apenas dois”, afirma.

Segundo Nemer, a sensação de insegurança foi intensificada após a eleição de Trump. Ele optou por contratar uma advogada especializada em imigração, temendo ser um alvo por conta de suas pesquisas.

Cancelamento de programas e a busca por alternativas

A professora Dayane Brito, fundadora de um projeto educacional em São Luís, passou por uma experiência semelhante. Ela teve um programa de estágio na Califórnia cancelado, mesmo tendo sido selecionada. O programa, que começaria online, perdeu um módulo importante de diversidade e inclusão após a eleição de Trump. “Estava prestes a viajar, com passagens compradas, quando o Departamento de Estado cancelou tudo”, lamenta.

Outros brasileiros também relataram situações similares, onde projetos de pesquisa foram afetados e planos de intercâmbio evitados por conta do clima hostil. De acordo com Carol Krobath, diretora de produtos da CI Intercâmbio, as vendas de cursos de inglês nos EUA caíram em 25% no início de 2025, com destinos como Canadá e Malta ganhando popularidade.

A resistência dos estudantes brasileiros

Apesar dos desafios, a vontade de estudar e expandir horizontes permanece forte entre os brasileiros. Dayane Brito reafirma seu compromisso com seu projeto, afirmando que “o governo Trump vai passar, mas a luta pela educação continuará”. Muitos estudantes compartilham da mesma determinação, decididos a não desistir de seus planos perante as adversidades.

Nesse contexto, a busca por alternativas e a adaptação a novas realidades tornam-se fundamentais para o futuro educacional dos brasileiros nos EUA. Com um olhar esperançoso, os estudantes continuam a sonhar, mesmo em tempos incertos.

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