Aos sete anos, Michael den Heijer já chamava a atenção na Nova Zelândia pelo talento com os pés. Mas não exatamente dentro do campo de futebol. Naquela época, o futuro jogador do Auckland City era apenas um garoto sorridente em um comercial da marca de sorvetes Tip Top, um ícone neozelandês. Anos mais tarde, ele trocaria de vez as câmeras pelos gramados, e hoje, aos 29 anos, é um dos pilares do time que é considerado o patinho feio do Mundial de Clubes da FIFA.
Uma infância marcada pelo talento
Nascido em Auckland, Den Heijer parecia destinado a uma trajetória diferente. No teste para o comercial da Tip Top, conta-se que ele impressionou os diretores de elenco pelos malabarismos feitos com a bola. A desenvoltura precoce diante das câmeras já revelava o controle e a serenidade que tem aplicado como defensor ao longo da carreira.
Caminhos do futebol
Após passar pelas categorias de base do Wanderers SC e pelo time juvenil do Kashiwa Reysol, no Japão, o jogador possui dupla cidadania (neozelandesa e holandesa) e construiu uma carreira discreta, porém sólida, com passagens por clubes na Holanda (NEC e SV DSF) e Alemanha (Kleve). Seu retorno ao Auckland City se deu de forma marcante, onde se firmou como titular em sua segunda passagem a partir de 2023.
A ascensão no Auckland City
O Auckland City é um clube dominante no cenário da Oceania e Den Heijer trouxe para o time sua experiência e titularidade. Na sua trajetória, acumula cinco títulos continentais, que garantiram a presença constante do clube no Mundial de Clubes — em todos os formatos — e a oportunidade do defensor enfrentar grandes ídolos do futebol mundial.
Torcedor do Liverpool, ele teve a chance de jogar contra o brasileiro Fabinho em 2023, um momento que Den Heijer descreveu como surreal. “Cresci assistindo esses jogadores na TV. Estar em campo contra um deles é algo que nunca vou esquecer. É um sonho, de verdade”, disse em entrevista na época.
Desafios à frente
Agora, Den Heijer enfrentará gigantes europeus e sul-americanos a partir do dia 13 de junho. Os clubes rivais possuem valores de mercado que superam em muito o do time neozelandês, estimados em mais de 15 vezes. Por exemplo, o atacante Thomas Muller, do Bayern de Munique, adversário de estreia do Auckland, é mais valioso que todo o elenco da Oceania (6 milhões de euros contra 5,2 milhões de euros). Den Heijer, por sua vez, é um dos três jogadores mais caros do grupo, custando 275 mil euros, junto com o lateral Nathan Lobo e o meio-campo Mario Ilich.
Compromisso com a comunidade
O neozelandês, porém, não se preocupa apenas com dribles e passes dos adversários. Fora de campo, ele colabora com a Life Changer Foundation, uma organização australiana que promove programas de bem-estar em escolas e comunidades. Den Heijer participa de workshops em escolas de Auckland, onde compartilha não só lições do esporte, mas também ferramentas de vida como autoconhecimento, empatia e resiliência.
Um legado fora das quatro linhas
“Nós ensinamos coisas que não fazem parte do currículo escolar, mas são essenciais para a vida”, disse em entrevista ao jornal local NZ Herald. “É uma forma de devolver ao esporte e à comunidade tudo que aprendi.” A jornada de Michael den Heijer, de garoto propaganda a jogador no Mundial de Clubes, é prova de que a determinação e a paixão pelo esporte podem ter um impacto significativo, tanto dentro como fora de campo.
Com uma carreira ainda em desenvolvimento e um coração voltado para a comunidade, Michael den Heijer se destaca como um ícone do Auckland City e uma inspiração para jovens atletas na Nova Zelândia e além. Seu legado ultrapassa as fronteiras do futebol, mostrando que o verdadeiro sucesso vai muito além das vitórias dentro do gramado.