O cenário do futebol brasileiro pode passar por uma grande transformação com a candidatura de Samir Xaud à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No entanto, a ascensão do médico de 41 anos ao cargo máximo da entidade não ocorre sem questionamentos. Com o apoio de 25 das 27 federações estaduais e de 10 clubes, Xaud representa, segundo seus apoiadores, uma renovação no futebol. Entretanto, seu histórico é recheado de denúncias, processos judiciais e relações controversas tanto no setor público quanto no privado.
Os laços familiares de Samir Xaud
Filho do influente Zeca Xaud, que comanda a Federação Roraimense de Futebol há décadas, Samir já tentou uma carreira política como deputado estadual em 2018 e 2022, sendo o primeiro suplente pelo MDB. Sua família também está envolvida em escândalos políticos. Sua irmã, Samara, ex-assessora do senador Chico Rodrigues, é conhecida por ter sido flagrada com R$ 33 mil escondidos na cueca em 2020. Além disso, sua outra irmã, Sandrea, é casada com um empresário acusado de superfaturar a venda de testes rápidos de Covid-19, causando prejuízos de R$ 1 milhão.
Histórico suspeito de corrupção
As ligações familiares não são o único motivo de preocupação sobre a integridade de Samir Xaud. O candidato também foi sócio da Life Fitness, cujo co-fundador, Simone Bekel, foi preso em 2018 durante a Operação Escuridão, que investigou fraudes em contratos de alimentação em presídios e hospitais de Roraima. A empresa, por sua vez, foi considerada “inapta” pela Receita Federal devido à omissão de declarações fiscais.
Processos por improbidade administrativa
No que se refere a processos judiciais, Xaud enfrenta um processo por improbidade administrativa no Tribunal de Justiça de Roraima. Acusações feitas pelo Ministério Público do Estado afirmam que, enquanto diretor do Hospital Geral de Roraima, ele estaria envolvido em fraudes que resultaram em um prejuízo de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. Apesar de Xaud ter declarado que o processo havia sido arquivado, documentos do tribunal mostram que a ação ainda está em andamento. A defesa do candidato sustenta que ele se referia a um processo administrativo interno que realmente foi arquivado por falta de provas.
Outras controvérsias e regularização
Xaud também se vê envolvido em uma polêmica relacionada a um terreno na “Fazenda Paraíso Perdido”, situada em uma área de proteção ambiental em Rorainópolis. Há relatos de que ele tenta regularizar a propriedade, a qual está em uma região marcada por grilagem. A data de posse declarada por Xaud e a data de escritura registrada em cartório apresentam uma discrepância de 13 anos. Um parecer técnico da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima indicou que propriedades invadidas em áreas de preservação podem ter seus Cadastros Ambientais Rurais (CAR) suspensos.
Candidatura sem concorrentes
Apesar de todas as controvérsias, a CBF anunciou eleições presidenciais após o afastamento do ex-presidente Ednaldo Rodrigues pela Justiça. Com Xaud sendo o único candidato, ele deve ser eleito na próxima votação, marcada para este domingo. O apoio das federações e clubes fez com que ele evitasse a concorrência de outras chapas.
Defesa de Samir Xaud
A defesa de Xaud afirma categoricamente que ele não possui pendências com a Polícia Federal, Justiça Federal, Justiça do Trabalho ou Tribunal de Contas. Além disso, garantem que não há qualquer indício de irregularidade em sua atuação, tanto na esfera pública quanto privada.
“No âmbito do Tribunal de Contas do Estado, todas as certidões negativas evidenciam a inexistência de pendências ou restrições. Assim, Samir Xaud está plenamente habilitado e sem qualquer irregularidade”, afirmam os representantes legais do candidato.
À medida que se aproxima o evento eleitoral na CBF, a figura de Samir Xaud gera divisões de opinião entre aqueles que veem oportunidades de mudança e outros que demonstram preocupação com seu passado judicial e familiar.
