Brasil, 23 de maio de 2025
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Argentina anuncia reparação histórica para legalizar dólares escondidos

Medida do governo Javier Milei busca trazer US$ 214 bilhões que estão fora do sistema financeiro de volta ao mercado argentino.

No cenário econômico turbulento da Argentina, o presidente Javier Milei anunciou nesta quinta-feira uma iniciativa apelidada de “reparação histórica”. O objetivo da medida é convencer os cidadãos a legalizarem uma quantidade significativa de dólares, estimada em cerca de US$ 214 bilhões, que, segundo dados oficiais, permanecem fora do sistema financeiro. Muitas vezes, esses recursos estão guardados em casa, literalmente debaixo do colchão.

Contexto da medida e seu impacto na economia

O novo pacote de medidas destaca-se pela diminuição dos poderes de fiscalização da ARCA (Receita Federal Argentina) em diversas operações financeiras. Isso visa principalmente a classe média e média alta, cujos membros foram severamente afetados pelas políticas econômicas anteriores de Milei. O desafio do presidente é recuperar a confiança desses grupos, que viram sua aprovação escorregar de 54% no final do ano passado para entre 40% e 48% atualmente. As últimas pesquisas indicam um descontentamento crescente que pode afetar o apoio nas próximas eleições.

Para que essa proposta tenha sucesso, Milei deve garantir que a classe média sinta que as suas poupanças em dólares, muitas vezes fruto de um hábito nacional de proteção contra crises econômicas, poderão ser usadas sem medo de confisco ou penalizações por parte do Estado. A frase de Manuel Adorni, porta-voz do governo, reflete essa proposta: “Seus dólares, sua decisão. O que é seu, é seu, e não é do Estado”.

Medidas para a legalização dos dólares

As novas regras prometem facilitar diversas operações financeiras, permitindo que os cidadãos realizem transferências bancárias, saques, depósitos e compras sem o tradicional controle fiscal que acompanhava essas transações no passado. O público é convidado a injetar sua economia oculta no mercado interno, sem restrições, exceto em funcionalidades acima de limites estabelecidos. Essa abordagem está em linha com o slogan de campanha de Milei, “Viva a liberdade caralho”.

É importante frisarmos que esta não é a primeira tentativa de resgatar a confiança dos cidadãos em um sistema financeiro extremamente assediado. O trauma gerado pelo “corralito” de 2001, que resultou no confisco de depósitos bancários, ainda é lembrado pelo povo argentino. O atual governo promete que as medidas de agora são uma forma de resgatar os cidadãos de traumas passados. Essa proposta, se aceita, poderá inverter o ciclo da desconfiança instaurado na gestão anterior.

Riscos e apostas na popularidade de Milei

Mas será que essa estratégia é suficiente para revitalizar a popularidade de Milei? Hikemandos políticos indicam que o presidente enfrenta o risco de desapontar a classe média, que tradicionalmente vê o Estado como uma figura opressora. A adoção de estímulos econômicos e a desregulamentação das suas finanças podem se revelar um atrativo, se as medidas surtirem efeito sobre a inflação e o consumo.

Assim, apesar de Milei já ter cortado diversas benesses e reduzido gastos, o sucesso de seu governo pode depender da habilidade em equilibrar o desejo de menos controle estatal com as expectativas da população em relação a investimentos públicos. Afinal, a classe média que volta a ter poder aquisitivo deve também ver melhorias em serviços essenciais e infraestrutura.

Responsabilidade governamental e visão futura

Com as próximas eleições legislativas se aproximando, o futuro político de Milei poderá ser decidido pelo sucesso ou fracasso dessas novas políticas. Os analistas projetam que se o presidente conseguir evitar a impressão de que suas reformas são apenas um ganho temporário, poderá consolidar um apoio que deve ser crucial para sua permanência no poder.

Independentemente do resultado imediato, a proposta de reparação histórica é um movimento arrojado dentro de um panorama politico em crise. O tempo será o melhor juiz das intenções e das ações do governo argentino diante de uma população que, por décadas, tem vivido sob o espectro do medo econômico.

A resposta nas urnas em 26 de outubro será fundamental para entender se as medidas de Milei conseguirão reconquistar a confiança dos argentinos ou se, ao contrário, aumentarão ainda mais a distância entre governo e população.

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