Brasil, 22 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Depoimento de ex-comandante da Aeronáutica revela tentativa de golpe após eleição de Lula

O ex-comandante Carlos de Almeida Baptista Junior detalhou ao STF as articulações golpistas durante a transição de poder em 2022.

Foto: Antonio Augusto / STF

Na quarta-feira, o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, prestou um depoimento que pode ser considerado o mais revelador até agora sobre as supostas manobras para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, após sua vitória nas eleições de 2022. No Supremo Tribunal Federal (STF), o brigadeiro confirmou que houveram reuniões com o então presidente Jair Bolsonaro, onde estratégias para evitar a transição de poder foram discutidas.

Reuniões convocadas por Bolsonaro

O depoimento de Baptista Junior revelou que em diversas ocasiões, o ex-presidente convocou comandantes das Forças Armadas ao Palácio da Alvorada. Nesses encontros, foram discutidas medidas excepcionais, como a possível decretação de um estado de defesa ou a implementação de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para impedir que Lula assumisse a presidência.

Discussões sobre prisões de autoridades

Um dos pontos mais alarmantes mencionados pelo ex-comandante foi a proposta de realização de prisões de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Baptista Junior descreveu um “brainstorming”, onde foram levantadas questões sobre as consequências legais e a possibilidade de prender outros integrantes do STF, caso a prisão de Moraes fosse efetivada. “Essas eram discussões que ocorriam nas reuniões, um intenso debate sobre como proceder”, afirmou o brigadeiro.

O papel dos comandantes das Forças Armadas

Durante seu depoimento, Baptista Junior também implicou outros comandantes das Forças Armadas, como o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, que teria em um momento ameaçado Bolsonaro, afirmando que se ele insistisse em medidas de exceção, poderia acabar sendo preso. “Ele fez isso de forma educada, mas a mensagem era clara”, declarou o ex-comandante.

Além disso, o então ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, também foi mencionado, com Baptista Junior afirmando que ele havia colocado “14 mil fuzileiros” à disposição de Bolsonaro, numa clara alusão ao envolvimento militar na trama que visava a manutenção do ex-presidente no poder.

A pressão sobre o relatório de fraudes nas urnas

O brigadeiro revelou que também havia conversas sobre a criação de um relatório que apontaria supostas fraudes nas eleições. Embora Baptista Junior tenha avisado a Bolsonaro que não havia nenhuma evidência de fraudes nas urnas eletrônicas, o ex-presidente pressionou para que a publicação de um relatório do Ministério da Defesa fosse adiada. “Eu avisei que, independentemente do que acontecesse, no dia 1º de janeiro, o senhor não seria mais presidente”, completou.

O entendimento de Baptista Junior

O ex-comandante expressou sua profunda preocupação com as movimentações que presenciou. “Eu comecei a acreditar que o objetivo das medidas de exceção era, de fato, impedir a posse do presidente eleito. A partir de um certo momento, fiquei bastante preocupado com a situação”, afirmou Baptista Junior, referindo-se a um período crítico entre 11 e 14 de novembro de 2022.

Principais pontos do depoimento

  • Reuniões golpistas: O ex-comandante participou de reuniões em que discutiu-se um plano golpista e a ameaça de prisão feita por Freire Gomes a Bolsonaro.
  • Apoio da Marinha: A afirmação de que “14 mil fuzileiros” da Marinha estavam à disposição de Bolsonaro.
  • Relatório sobre urnas: A pressão de Bolsonaro pelo adiamento da divulgação de um relatório do Ministério da Defesa que não encontrou fraudes.
  • Prisão de autoridades: Discussões sobre a possibilidade de prisão de autoridades, entre elas Moraes, em reuniões que buscavam reverter o resultado da eleição.

O depoimento de Baptista Junior representa um desenvolvimento significativo nas investigações sobre tentativas de conturbar a democracia brasileira, o que pode ter implicações sérias para todos os envolvidos. Mais apurações são esperadas à medida que o caso avança no STF e outras instâncias judiciais.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes