No último dia 21, o cenário político brasileiro recebeu um novo capítulo com o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Durante uma audiência de uma hora e vinte minutos, Baptista Junior confirmou sua participação em reuniões no Palácio da Alvorada, onde foram discutidas estratégias para um plano golpista que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As revelações de Baptista Junior não só explicitaram uma tentativa de golpe, mas também colocaram em xeque a posição do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos na trama.
Revelações sobre a trama golpista
Dentre os detalhes expostos, Baptista Junior relatou que o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, teria ameaçado Bolsonaro com prisão caso o plano fosse efetivado. Segundo ele, a articulação antidemocrática falhou não por falta de apoio, mas devido à inexistência de uma participação unânime das Forças Armadas na ação. “Ele é bem articulado e prestou um depoimento que vai fazer muita gente sofrer”, afirmou um advogado que deseja permanecer anônimo.
As consequências do depoimento estão se revelando mais complexas a cada dia. Para um dos defensores de Bolsonaro, a situação do ex-presidente “se complicou”. Baptista Junior ousou afirmar que as tropas da Marinha foram colocadas à disposição de Bolsonaro, aumentando as pressões sobre o ex-presidente em relação ao seu papel na trama.
Judiciário em foco
A tensão nos tribunais aumentou visivelmente durante o processo de depuração. Baptista Junior também fez menções diretas ao comportamento do ministro Alexandre de Moraes, que demonstrou irritação com Freire Gomes por conta de contradições nos depoimentos. Moraes advertiu Freire Gomes sobre as consequências legais que poderiam advir de suas declarações, enfatizando que o artigo 342 do Código Penal prevê pena de prisão para o crime de falso testemunho.
Differentemente de Freire Gomes, que pôs em dúvida a presença de apoio militar, Baptista Junior manteve-se firme e coerente em suas declarações, o que levou Moraes a tratá-lo com maior consideração no tribunal. Essa diferença de postura pode resultar em um aprofundamento da investigação e penalizações severas para aqueles que adoptaram posturas contraditórias.
Impacto político e social
O impacto do depoimento de Baptista Junior não se limita ao aspecto jurídico. Ele também reverbera na opinião pública, especialmente entre os apoiadores de Bolsonaro e os críticos do atual governo. Nas redes sociais, observa-se uma queda substancial no número de seguidores do Exército, que perdeu cerca de 1,7 milhão desde o fracasso da trama golpista, conforme reportado. Isso demonstra a desilusão de parte significativa da população com as Forças Armadas e a política militar.
Além disso, Baptista Junior, ao retificar sua posição em relação a Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, gerou um clima de expectativa entre os aliados de Torres, que consideravam a possibilidade de uma acareação entre os testemunhos para esclarecer o papel do ex-ministro na tentativa de golpe.
Conclusão
O desenrolar deste caso promete ainda trazer mais desdobramentos, especialmente com as novas informações que surgem a cada testemunho. O depoimento de Baptista Junior não somente acrescentou mais um elemento ao já complexo cenário político, mas também destacou a fragilidade das articulações que tentaram desestabilizar o atual governo. Com o STF cada vez mais aberto a investigações e ações sobre as forças armadas e seus envolvidos, o futuro de Bolsonaro e de outros personagens centrais na trama golpista continua incerto.