Após quase 20 dias em Roma, o cardeal Jaime Spengler retornou a Porto Alegre e compartilhou emocionantes relatos sobre sua participação no conclave que resultou na eleição do novo Papa, Leão XIV. O término do período de luto pela morte do Papa Francisco e o início das novas diretrizes sob a liderança do novo pontífice foram temas centrais da coletiva dada na última segunda-feira (20).
A importância do conclave para a Igreja Católica
Durante a coletiva, Dom Jaime descreveu o ambiente vivido durante o conclave como de “intensa oração, fraternidade e profundo espírito de unidade”. A experiência foi intensamente marcada pela surpresa causada pelo falecimento do Papa Francisco, que aconteceu no dia seguinte ao Domingo de Páscoa. Após o sepultamento, os cardeais se reuniram durante nove dias para se prepararem e discutirem os rumos do catolicismo sob a nova liderança.
“Foi uma oportunidade privilegiada de ouvir cardeais de todos os cantos do mundo, inclusive de regiões onde a Igreja é minúscula ou enfrenta perseguições”, comentou, destacando a diversidade de opiniões e experiências apresentadas durante as congregações.
Preparativos e o ambiente espiritual da eleição
Os cardeais participaram de diversas atividades durante os dias que antecederam a votação, recebendo materiais de estudo que incluíam biografias dos 135 eleitores. A eleição, realizada na histórica Capela Sistina, foi um momento de singularidade espiritual. Dom Jaime contou que, ao entrarem em procissão, entoaram ladainhas, criando um ambiente de serenidade e oração tipicamente católica. “O silêncio e a oração marcaram profundamente. Foi algo que vou guardar para sempre”, relembrou emocionado.
Sobre o Papa recém-eleito, o cardeal expressou que já o conhecia como cardeal Robert Prevost, que seria o pregador convidado da Assembleia Geral da CNBB no Brasil. “Perdemos o pregador, mas ganhamos o Papa”, disse com bom humor, ressaltando as características do novo líder, que é visto como um homem simples e com uma abordagem direta e atenta às pessoas.
Um novo nome para tempos modernos
A escolha do nome “Leão” por parte do novo Papa também foi interpretada como um sinal dos tempos. Dom Jaime explicou que o nome pode remeter a figuras históricas significativas como Leão XIII, que marcou a doutrina social da Igreja, e Leão Magno, reconhecido por suas contribuições em questões teológicas. “Vivemos uma nova revolução, agora tecnológica. O nome pode indicar atenção a temas sociais contemporâneos, sem perder as raízes teológicas da fé”, afirmou.
Dom Jaime teve a honra de ser um dos seis cardeais encarregados de saudar o novo Papa após a eleição. Este gesto, que representa um sinal de acolhimento e compromisso, o deixou emocionado. “Quase me caíram os butiás dos bolsos”, brincou, refletindo sobre a responsabilidade que isso envolvia. Sua fala em nome da América Latina e Caribe teve como objetivo ressaltar o compromisso de “cooperação fraterna e obediência filial” ao novo pontífice, criando um elo de união entre as partes.
Uma experiência transformadora
O cardeal compartilhou também sobre o impacto emocional do conclave. “Assusta, viu? Sinceramente, assusta”, confessa, pontuando que a fé é um motivador que ajuda a superar o medo. Ele enfatizou que quando se ama o que se faz, é necessário estar preparado para enfrentar os desafios que surgirem. Esta vivência teve um efeito profundo sobre sua percepção de identidade católica, como revelou: “Ali compreendi, de forma mais profunda, o que significa ser católico”.
O relato do cardeal Jaime Spengler não apenas ilumina os detalhes do conclave, mas também reflete o renascimento da esperança e da unidade na Igreja Católica em tempos de transição. A escolha do Papa Leão XIV promete trazer novas perspectivas e ações concretas aos desafios contemporâneos enfrentados pela Igreja.