A frase “o Brasil está ficando velho antes de ficar rico” tem ecoado entre economistas, refletindo uma realidade preocupante no país. O envelhecimento populacional acelerado, em comparação com outras nações emergentes, é um tema complexo e que requer atenção urgentemente. O Brasil apresenta um aumento significativo na população acima de 60 anos, que já representa 15,8% da população total, segundo dados do IBGE de 2022. Em contrapartida, a América Latina registra um percentual menor, de 13,4%. Este fenômeno está sendo exacerbado por uma baixa taxa de fertilidade de 1,6 filhos por mulher e uma elevada mortalidade entre jovens, onde 34% das mortes são causadas por homicídios, conforme os dados de 2023.
Desafio demográfico e crescimento econômico
Enquanto a França levou mais de um século para que a faixa etária acima de 65 anos crescesse de 7% para 14% da população, o Brasil alcançou essa marca em apenas 25 anos. Os Estados Unidos, por sua vez, fizeram a transição em 67 anos, devido a um fluxo constante de imigração e taxas de fecundidade mais estáveis ao longo do tempo. Essa rápida transformação demográfica gera um desafio adicional ao crescimento econômico do Brasil, pois a proporção de pessoas em idade ativa deve começar a encolher em 2036.
Assim, o envelhecimento populacional se torna um tema central nas discussões sobre o futuro econômico do Brasil, com a necessidade de fomentar políticas públicas eficazes que garantam qualidade de vida aos mais velhos e ao mesmo tempo promovam o desenvolvimento dos jovens.
Oportunidades no horizonte
Entretanto, nem tudo é desolador. Pesquisadores apontam que existem várias oportunidades a serem exploradas. Um dos principais caminhos é a agenda ambiental. O Brasil possui condições favoráveis para se tornar um líder no mercado voluntário de carbono, com a capacidade de gerar 15% do potencial global de captura de carbono de forma competitiva, segundo a consultoria McKinsey. A regeneração da Floresta Amazônica é uma dessas frentes, que poderia capturar cerca de 18 bilhões de toneladas de carbono, o que representa uma enorme oportunidade de geração de receita, estimada em US$ 450 bilhões ao longo de 30 anos.
Essa abordagem não só enfrentaria questões ambientais, mas também criaria empregos para jovens locais, abordando a alta taxa de desemprego na região amazônica. Outras áreas de atuação incluem a melhoria das práticas agrícolas, a gestão sustentável da pecuária e a promoção de iniciativas que valorizem a floresta em pé.
Novos parceiros comerciais e tecnologia
A busca por novos parceiros comerciais se intensifica à medida que países reavaliam suas relações, especialmente após episódios de protecionismo, como foi o caso do governo Trump nos EUA. Alguns setores da manufatura brasileira já estão percebendo um aumento na demanda no exterior e discutindo acordos comerciais, como o que está em andamento entre a União Europeia e o Mercosul. Esses acordos são vistos como essenciais para a abertura de novos mercados e para a diversificação econômica do Brasil.
A tecnologia, especialmente a inteligência artificial (IA), também surge como uma solução para os desafios enfrentados pelo Brasil. A implementação da IA pode alavancar a produtividade e a eficiência nas empresas, atendendo à demanda por inovação e atraindo investimentos. A infraestrutura necessária, como a universalização do 5G até 2029 e o desenvolvimento de data centers, está em andamento e pode facilitar essa transição tecnológica.
Desafios e insegurança jurídica
No entanto, todos esses esforços enfrentam um obstáculo significativo: a insegurança jurídica. A falta de marcos regulatórios estáveis e confiáveis pode prejudicar o clima de investimento no país, dificultando o aproveitamento pleno das oportunidades que se apresentam. É crucial que o Brasil garanta um ambiente jurídico que favoreça a estabilidade para que empresas nacionais e estrangeiras queiram investir aqui.
Em resumo, o envelhecimento populacional traz desafios importantes, mas também abre espaço para um debate necessário sobre como transformar estas dificuldades em oportunidades. O Brasil precisa urgentemente de uma estratégia bem definida que considere as especificidades de seu contexto demográfico e busque alternativas que assegurem um crescimento econômico sustentável e inclusivo para todos os seus cidadãos.
