A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou nesta terça-feira, 20 de maio de 2025, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra dez indivíduos suspeitos de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Entre os réus estão nove militares das Forças Armadas e um policial federal, todos acusados de planejarem o sequestro do ministro Alexandre de Moraes e de pressionarem o Alto Comando do Exército para aderir ao plano golpista.
O que pesa contra os réus
A denúncia da PGR, acompanhada pelo voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, detalha as ações de cada um dos réus, destacando suas ligações e atividades suspeitas. Moraes avaliou que existem indícios suficientes para caracterizar a autoria dos crimes.
Detalhes sobre os militares envolvidos
Um dos réus, o general da reserva Theophilo, que foi comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), estaria incrivelmente envolvido em reuniões com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em dezembro de 2022. O tenente-coronel Mauro Cid, em uma mensagem durante essa reunião, indicou que havia intenções obscuras para o futuro político do Brasil.
Em sua análise, Moraes declarou que a conduta do general aponta para sua adesão ao plano: “A reunião para aderir ao golpe, aceitando coordenar o emprego de forças terrestres para executar o objetivo da organização criminosa, é um indício revelador”, disse o ministro.
Reuniões e planejamento do golpe
Além de Theophilo, quatro coronéis — Bernardo Romão Corrêa Neto, Fabricio Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Júnior e Ronald Ferreira de Araújo Junior — também foram mencionados. Eles participaram de uma reunião em novembro de 2022, onde foram discutidas maneiras de pressionar o Alto Comando do Exército a apoiar o golpe. Tal reunião foi cautelosamente organizada para incluir apenas membros das operações especiais, conhecidos no meio militar como “kids pretos”.
Moraes salientou que “não era uma reunião de amigos, mas sim um encontro organizado com o objetivo claro de pressionar os chefes militares a aderir ao golpe”. As defesas dos coronéis, no entanto, negaram qualquer intenção golpista, afirmando que a discussão não tinha como foco nenhum planejamento de golpe.
Documentação comprometedoras e estratégias de monitoramento
Além das reuniões e comunicações, um dos tenentes-coronéis, cujo nome não foi divulgado, foi encontrado com um documento intitulado “Desenho Op Luneta”, que, segundo a PGR, contenha detalhes sobre o plano de execução do golpe. Este documento, alegadamente, visava “restabelecer a lei e a ordem”, o que o ministro Moraes qualificou de “um nome bonito para descrever um golpe”.
Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, outros dois tenentes-coronéis, estão sendo investigados por supostamente participarem da operação que visava sequestrar Moraes, no chamado plano “Copa 2022”. O plano foi supostamente prestes a ser colocado em prática no dia 15 de dezembro de 2022, mas não se concretizou devido à recusa do comandante do Exército em aderir ao esquema.
Implicações para a segurança nacional
O envolvimento de um policial federal nesse caso complica ainda mais a situação. Este policial fazia parte da segurança do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e teria trocado informações com assessores de Bolsonaro, de acordo com as atenções levantadas por Moraes. “As mensagens trocadas entre as autoridades citadas indicam um monitores conjuntos de movimentos, o que levanta sérias preocupações sobre a segurança nacional”, comentou o ministro.
Com esse desdobramento, o Brasil vive um momento de tensão política, e a aceitação da denúncia pelo STF representa um marco importante na luta contra tentativas de desestabilização do governo democrático. À medida que o caso avança, a sociedade brasileira aguarda desdobramentos que possam assegurar a integridade das instituições democráticas do país.
Em meio a esse cenário, o papel do STF se torna cada vez mais crucial na defesa da democracia e na proteção contra ações que visam desestabilizar o tecido social e político da nação.