O Pacto RJ, uma das promessas mais ambiciosas do governo estadual, enfrenta sérias dificuldades com a paralisação de mais de 73 obras, um número alarmante em relação às 800 que planejavam ser entregues até 2024. Lançado em 2021, o programa tinha como objetivo revitalizar a infraestrutura do Rio de Janeiro com um investimento total de R$ 17 bilhões, abrangendo iniciativas de saneamento, transporte e educação. No entanto, a realidade atual revela que menos de 10% dos projetos estão concluídos ou em andamento adequadamente.
A frustração com as obras paralisadas
A reportagem identificou uma realidade difícil para cidadãos que aguardam melhorias em suas comunidades. Exemplo disso é o professor de geografia Danilo Aguiar, que testemunhou a obra da RJ-099 em Seropédica ser interrompida antes da sua conclusão. “Os 800 metros finais são a velha estrada sem manutenção”, afirma ele, destacando o descaso com a infraestrutura local, que se transforma em um risco para os motoristas e pedestres devido à presença de buracos e falta de iluminação pública.
Com um orçamento de R$ 131 milhões, a obra na RJ-099 é a segunda mais cara entre as suspensas. Dados do programa mostram que, de 1.039 obras registradas, 636 foram entregues, 331 estão em andamento e 73 estão paralisadas. Somente essas últimas representam R$ 2,5 bilhões em investimentos que não estão materializando benefícios para a população.
Impacto nas comunidades
O problema das obras paradas não está restrito a uma única área. Elas estão localizadas em 37 dos 92 municípios do estado, afetando tanto grandes centros urbanos como a capital quanto localidades menores. Em locais como o Rio Viegas, entre Senador Camará e Bangu, a construção de uma obra de dragagem e canalização de rio foi interrompida, deixando os moradores vulneráveis a alagamentos, especialmente em períodos de chuva forte.
Para os indivíduos que vivem próximo ao rio, a situação é crítica. Alan Carvalho, que reside na região há mais de 40 anos, afirma que “quando chove, tudo se transforma em um caos”. Os moradores se sentem abandonados e têm que arcar com a limpeza e manutenção das áreas ao redor, já que nenhuma ação governamental parece ser efetiva.
Contratos sob investigação
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) revelou também uma investigação sobre suspeitas de superfaturamento em contratos relacionados ao Pacto RJ. Um dos contratos, que inicialmente deveria custar R$ 82 milhões, foi aumentado para R$ 120 milhões devido a aditivos que não justificam a elevação do preço.
Além da falta de conclusão das obras, a qualidade do trabalho realizado é questionada, pois foram utilizadas metodologias consideradas ineficientes e ultrapassadas, levantando uma série de dúvidas sobre a gestão dos recursos financeiros.
A resposta do governo
Apesar das críticas e insatisfações da população, o governo do estado minimiza o impacto das obras suspensas, afirmando que representam menos de 7% do total de ações do Pacto RJ. O governo assegurou que já foram mobilizadas equipes e máquinas para retomar as obras nas rodovias que foram exibidas nas reportagens.
Quanto à construção de escolas, a Secretaria de Educação informou que está em processo de cumprimento das exigências ambientais necessárias para que as obras possam prosseguir. Contudo, essa justificativa não apaga o sentimento de frustração da população que espera por melhorias que deveriam já estar em andamento.
Em suma, o Pacto RJ, que deveria ser um símbolo de progresso e desenvolvimento, encontra-se atolado em promessas não cumpridas e ineficiências administrativas. A população, ávida por soluções, observa que as obras não só estão paradas como também estão repletas de incertezas e expectativas frustradas.