Na noite da última quarta-feira (14/5), a única onça-pintada selvagem em liberdade no Rio Grande do Sul foi avistada vagando pelo Parque Estadual do Turvo, localizado na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas. O avistamento trouxe esperança e emoção para ambientalistas e especialistas em conservação, pois a espécie está sob ameaça de extinção, conforme apontado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Yaboti: o guarda do parque e sua fixação pela fauna
A onça avistada é um macho adulto, chamado Yaboti. Reconhecido pelo guarda florestal Carlos Kuhn, que registrou o momento com fotos e vídeos, o animal impressionou pela sua beleza e porte. “É uma sensação única encontrar o animal. A gente fica na dúvida se fica admirando ou fotografa. Fiquei observando ele até adentar e sumir na mata”, contou Kuhn, ainda em estado de encantamento pela experiência.
O avistamento foi feito a uma distância segura, sem quaisquer riscos para o guarda, que está preparado para este tipo de situação. A presença de Yaboti no Parque Estadual do Turvo não é uma novidade, segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema-RS). A onça-pintada é conhecida por circular livremente entre Brasil e Argentina, utilizando como corredor ecológico a Reserva de Biosfera Yabotí, além do Parque Provincial Moconá, do lado argentino.
O corredor ecológico e o comportamento da onça-pintada
O rio Uruguai, que separa os dois países, não é uma barreira para Yaboti. Ele é um nadador habilidoso, capaz de atravessar essas fronteiras naturais com facilidade. O último registro conhecido do felino no parque foi feito em 28 de abril, e a continuidade de sua presença nas florestas é um sinal positivo para a conservação da espécie.
Riscos de extinção e a vulnerabilidade da espécie
Especialistas afirmam que o avistamento de onças-pintadas no Rio Grande do Sul é raro, já que se tratam de animais elusivos e de difícil observação. O doutor em Biologia Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rogério Nunes Oliveira, explicou a importância de valorizar a espécie. “O avistamento da onça-pintada no RS é raro, pois é uma espécie elusiva. Dois outros machos foram registrados entre 2019 e 2020, mas relatos de mortalidade relacionados à ação de caçadores reforçam a vulnerabilidade da espécie no estado”, afirmou.
A Sema-RS ressaltou que o registro do avistamento de Yaboti reforça a importância do Parque Estadual do Turvo na proteção de espécies ameaçadas. Além disso, os dados obtidos por armadilhas fotográficas instaladas em pontos estratégicos da área monitoram a presença da onça para conservação da espécie. Isso é fundamental não apenas para proteger a onça-pintada, mas também para preservar toda a biodiversidade que compõe esse ecossistema.
O futuro da onça-pintada no Brasil
O futuro da onça-pintada, maior felino das Américas, depende da conscientização e ação de toda a sociedade. O avistamento de Yaboti não é apenas um momento de alegria, mas um chamado à responsabilidade de proteger a fauna brasileira. A conservação de espécies ameaçadas é essencial para manter o equilíbrio ecológico e preservar o legado natural do nosso país.
Assim, cada avistamento e cada registro, como o feito por Carlos Kuhn, torna-se uma vitória na luta pela sobrevivência da onça-pintada e de tantas outras espécies que habitam nossas florestas. O Brasil ainda tem muito a aprender e a realizar para garantir um ambiente seguro e saudável para a fauna e flora.
