O Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) de São Paulo enfrenta uma grave crise, caracterizada pelo acúmulo de corpos e a insatisfação de funcionários. Desde 2024, com a suspensão dos plantões noturnos, a situação se agravou, evidenciando a falta de estrutura e de recursos para enfrentar a demanda crescente por serviços funerários na capital paulista. A Universidade de São Paulo (USP), responsável pelo SVO, afirmou que o tempo médio de liberação de corpos pode variar, mas denúncias de funcionários indicam que o problema é muito mais sério e recorrente.
Como o acúmulo de corpos afeta o serviço público
A interrupção dos plantões noturnos gerou um efeito dominó no funcionamento do SVO. Com todos os funcionários atuando apenas durante o dia, a capacidade de atendimento foi severamente reduzida. Isso significa que, em casos de falecimentos ocorridos à noite ou no início da manhã, os corpos podem ficar acumulados até que a equipe esteja disponível para realizar a verificação de óbitos e a liberação para os serviços funerários.
Funcionários, que trabalham arduamente sob pressão, relatam que os corpos estão sendo empilhados, esperando até 10 horas ou mais para serem liberados. Essa situação não apenas destaca a precariedade do serviço, mas também levanta preocupações sobre a dignidade dos falecidos e o impacto emocional que essa situação exerce sobre as famílias enlutadas.
Denúncias de funcionários
Em entrevistas, diversos trabalhadores do SVO relataram a falta de recursos, a necessidade de renovação do quadro funcional e a urgência de uma reestruturação das escalas de atendimento. Muitos afirmam que a situação atual não é apenas insustentável, mas desumana, tanto para os funcionários quanto para as famílias que esperam pela liberação dos corpos de seus entes queridos.
A escassez de pessoal é uma das principais razões para o acúmulo. Os funcionários abordam também a questão da infraestrutura, que não obedece às necessidades de um serviço que lida com a morte, e que requer condições adequadas para operar de forma eficaz e respeitosa.
A resposta da USP e possíveis soluções
A USP, ciente da gravidade da situação, anunciou que está trabalhando em medidas para melhorar a eficiência do SVO. Embora a universidade tenha declarado que o tempo médio de liberação pode variar, os funcionários pedem ações concretas e imediatas, incluindo a reposição de pessoal e a reinstauração dos plantões noturnos. Eles afirmam que somente com um aumento significativo no número de colaboradores será possível atender à demanda de forma adequada.
Outra proposta é a implementação de um sistema virtual de triagem, que poderia ajudar na organização e priorização dos casos. Isso poderia incluir um calendário de atendimento para famílias, que as ajudaria a se programar e minimizar a carga emocional de esperar indefinidamente.
A importância de uma estrutura adequada no SVO
A situação do SVO é um reflexo do estado do serviço público em geral. A falta de infraestrutura, recursos humanos e o descaso com que certas áreas são tratadas pela administração pública levantam questões sobre a prioridade que o governo dá a serviços essenciais. A verificação de óbitos é uma etapa crucial não só para o fechamento de casos de mortes, mas também para garantir o respeito e a dignidade de todos os envolvidos.
Enquanto a USP e a administração pública buscam soluções para essa crise, é vital que a sociedade civil se mobilize e exija melhorias nos serviços que garantem um atendimento humanizado e eficiente às famílias em luto. Afinal, todos merecem ser tratados com dignidade, principalmente em momentos de dor e perda.
Com a colaboração de gestores, funcionários e da sociedade, é possível que o SVO de São Paulo se reestruture e ofereça um atendimento à altura do que a população merece.