Brasil, 19 de maio de 2025
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Queda nas bolsas dos EUA após rebaixamento da nota de crédito

Os principais índices de ações dos EUA recuaram após a Moody's rebaixar a nota de crédito do país, aumentando preocupações sobre a dívida.

Os principais índices futuros de ações dos Estados Unidos apresentaram quedas nesta segunda-feira, enquanto os rendimentos dos títulos a longo prazo do Tesouro atingiram a marca de 5%. Essa movimentação ocorreu após a agência de classificação de risco Moody’s rebaixar a nota de crédito do país em um nível. Às 5h18, no horário de Brasília, os contratos futuros do Dow Jones caíram 0,78%; os do S&P 500 recuaram 1,23%; e os futuros do Nasdaq apresentaram uma redução de 1,61%.

Motivos do rebaixamento pela Moody’s

O rebaixamento da nota de crédito dos EUA foi de Aaa para Aa1 — a partir do nível máximo, reduzindo a classificação para o segundo nível em uma escala de 21. Diferentemente da volatilidade financeira causada pelas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, o motivo subjacente desta decisão foi a crescente preocupação com a elevada dívida pública do país.

A Moody’s apontou que essa preocupação reflete um deficit orçamentário crescente, resultado de ações políticas passadas que não mostraram sinais de contenção. Com isso, os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos subiram quatro pontos-base, alcançando 4,52%, enquanto os de 30 anos avançaram seis pontos-base, atingindo 5%. Essa situação leva a uma comparação com os níveis históricos, já que, se esses patamares forem superados, os rendimentos se aproximarão dos 5,18%, o máximo registrado desde 2007.

Impactos no mercado financeiro e nas políticas monetárias

A reação do mercado financeiro indica um aumento nas preocupações em Wall Street quanto aos títulos soberanos dos Estados Unidos, especialmente com o Capitólio debatendo novos cortes de impostos sem adequados financiamentos. A economia começa a dar sinais de desaceleração, enquanto o presidente Trump se vê forçado a renegociar acordos comerciais de longa data.

Como consequência dessa instabilidade, Max Gokhman, vice-diretor de investimentos da Franklin Templeton, destacou que “um rebaixamento da nota dos Treasuries não é uma surpresa diante de um quadro fiscal solto e sem financiamento, que tende a se agravar”. O aumento nos custos para servir a dívida pode levar grandes investidores, tanto soberanos quanto institucionais, a reavaliar suas posições em Treasuries, em busca de maior segurança, o que poderia desencadear uma perigosa espiral de aumento nos rendimentos.

A análise do mercado em resposta ao rebaixamento

Michael Schumacher e Angelo Manolatos, estrategistas do banco Wells Fargo, indicaram que esperam um aumento adicional de 5 a 10 pontos-base nos rendimentos dos Treasuries de 10 e 30 anos em decorrência do rebaixamento da Moody’s. Um incremento de 10 pontos-base nos títulos de 30 anos poderia ultrapassar os 5%, máximos não vistos desde novembro de 2023.

Além disso, enquanto os índices globais ainda tentam se estabilizar, um índice da Bloomberg para o dólar está próximo das mínimas de abril. Muitos operadores começam a manifestar sentimentos de desconfiança, considerando essa queda como um indicativo de uma possível perda de confiança nas políticas fiscais dos EUA.

Desdobramentos internacionais e fatores sociais

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, expressou que o recente enfraquecimento do dólar é, de certa forma, um reflexo da incerteza e desconfiança que permeiam certos segmentos dos mercados financeiros sobre as políticas adotadas pelos EUA. O aumento dos rendimentos dos Treasuries preocupa economistas, pois eleva os pagamentos de juros da dívida e pode potencialmente forçar uma alta nos juros de empréstimos, impactando diretamente na economia.

Apesar da pressão negativa, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, minimizou as implicações do rebaixamento e reafirmou a determinação da administração Trump em cortar gastos e estimular o crescimento econômico. O presidente Trump, entretanto, faz esforços para melhorar o clima político, marcando uma conversa com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para discutir formas de encerrar a guerra na Ucrânia.

A Moody’s já havia sido vista como uma agência que poderia realizar essa ação, dado que o déficit orçamentário federal está próximo de US$ 2 trilhões por ano, o que representa mais de 6% do PIB. As previsões indicam que, até 2029, esse número pode ultrapassar 107% do PIB.

Enquanto a situação fiscal nos EUA continua a causar controvérsias e incertezas, analistas do Barclays acreditam que o rebaixamento da Moody’s não causará mudanças significativas no Congresso ou vendas forçadas de Treasuries, dado que no passado, essas ações acabaram não gerando repercussões substanciais no mercado monetário.

Enquanto um novo cenário se desenha no mercado financeiro, a atenção dos analistas e investidores continua voltada para as próximas movimentações políticas e as respostas do governo dos EUA às crescentes pressões fiscais e comerciais.

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