No último dia 24, na recepção do Fairmont de Copacabana, o CEO global da farmacêutica francesa Pierre Fabre, Eric Ducournau, teve um encontro inesperado com o economista laureado com o Nobel, Jean Tirole. Esse encontro não só ressaltou a importância do Brasil para a empresa, mas também permitiu a Ducournau reafirmar sua visão sobre o potencial do mercado local. A Pierre Fabre, responsável por marcas conhecidas como Avène e Darrow, mantém sua única fábrica fora da França localizada em Areal, no Rio de Janeiro, e tem como meta atingir R$ 1 bilhão em vendas no Brasil até 2028. Contudo, o executivo reconhece que esse desafio não será fácil, especialmente com a crescente concorrência de marcas digitais e gigantes globais no setor de dermocosméticos.
Crescimento e desafios do mercado brasileiro
Após um ano positivo, onde a Pierre Fabre cresceu 9,5% e ultrapassou € 3 bilhões em receitas, Ducournau discute os desafios específicos do Brasil. Apesar do sucesso global, as operações de medicamentos oncológicos da empresa não estão presentes no país. No segmento de dermocosméticos, o crescimento ainda é afetado pelos resquícios da pandemia, onde muitos consumidores começaram a explorar a categoria. Após um período de crescimento robusto de mais de 10% ao ano, agora o avanço se estabilizou em 7% a 8% — um sinal de que a concorrência se intensifica.
Ducournau observa uma mudança significativa: “Estamos vendo marcas que jamais tiveram relação com dermocosméticos invadindo esse mercado, principalmente impulsionadas pela digitalização.” E com isso, surgem novas marcas digitais que, segundo ele, estão mudando o padrão de consumo nas farmácias brasileiras, que tradicionalmente foram muito conservadoras.
Estratégias da Pierre Fabre para se destacar
A marca brasileira Darrow, segundo Ducournau, é uma das mais afetadas pela chegada das novas concorrentes. Para se adaptar, a estratégia da empresa foca em manter preços acessíveis. Além disso, eles trabalham para guiar o cliente em sua jornada de consumo, de forma que quem começa utilizando produtos mais simples possa evoluir para marcas premium como Avène. “Estamos cientes de que o crescimento no Brasil é metade do que registramos no mundo. Mas isso traz um desafio interessante, já que temos que competir em um ambiente de varejo altamente sofisticado”, explica Ducournau.
Outro ponto levantado pelo CEO foi a profundidade e a qualidade da pesquisa associada aos produtos da Pierre Fabre. “A pesquisa é um diferencial importante para construirmos nossa credibilidade e relação com os profissionais da saúde, um aspecto que marcas como Natura e Dove ainda não conquistaram”, completou. A empresa tem sua força em uma presença consolidada e em produtos que são reconhecidos não apenas por sua qualidade, mas também pela pesquisa e desenvolvimento que os sustentam.
A internacionalização da marca Darrow
Além de seus planos no Brasil, a empresa também tem olhado para o exterior. A Darrow já conquistou quase 3% de participação no mercado mexicano, com destaque para o Actine, que se tornou um dos principais produtos de prescrição naquela região. A marca também começou a exportar para a República Dominicana, Chile e planeja entrar na Colômbia. “Estamos animados com as oportunidades internacionais e acreditamos que o sucesso da Darrow fora do Brasil será um grande passo para nosso crescimento”, afirma Ducournau.
No entanto, Ducournau ressalta que, para alcançar a meta de R$ 1 bilhão, a empresa terá que enfrentar uma série de desafios, uma vez que a retirada do segmento de medicamentos da filial em 2024 pode impactar suas previsões. “A nossa prioridade é gerir bem os nossos recursos e escolher as batalhas que podemos vencer”, conclui.
Com um mercado cada vez mais competitivo e diversificado, a Pierre Fabre mostra que, apesar dos desafios, mantém seu olhar otimista para o futuro. O foco na evolução de suas marcas e na adaptação às novas tendências do consumidor pode ser o diferencial necessário para solidificar sua posição no Brasil.