Brasil, 19 de maio de 2025
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Irregularidades em mutirão de catarata resultam em cegueira de pacientes no AME de Taquaritinga

O Ministério Público de São Paulo pede R$ 3 milhões em indenização após 13 idosos ficarem cegos em cirurgias no AME de Taquaritinga.

Uma grave situação no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taquaritinga, São Paulo, deixou 13 pacientes idosos com lesões irreversíveis na visão. O incidente ocorreu durante um mutirão de cirurgias de catarata e resultou na cegueira de alguns dos pacientes devido à utilização inadequada de substâncias durante os procedimentos. O Ministério Público do estado está em busca de reparação, demandando uma indenização de R$ 3 milhões do governo de São Paulo e da Fundação Santa Casa de Franca, responsável pela administração do AME.

Detecção de falhas graves nas cirurgias

O promotor de Justiça Ilo Wilson Marinho Gonçalves informou que a ação judicial é necessária para ressarcir a sociedade pelas graves falhas cometidas durante os atendimentos. “O Estado precisa se conscientizar de que erros dessa natureza não podem se repetir. É extremamente lamentável o que aconteceu”, destacou o promotor, acrescentando que o valor pleiteado seria utilizado para melhorar a prestação de serviços de saúde na região de Ribeirão Preto.

De acordo com a sindicância realizada pela própria Fundação Santa Casa de Franca, um erro crítico cometido na hora de fechar o corte da cirurgia foi identificado: os profissionais utilizaram uma substância inadequada, a clorexidina, que é destinada a assepsia superficial da pele e não pode entrar em contato com os olhos. Esta negligência levou à Síndrome Tóxica do Segmento Anterior (TASS), provocando inflamações severas e a queda da acuidade visual dos pacientes.

Testemunhos de desesperança entre os afetados

Os relatos dos pacientes são de desespero e perda de esperança. “Minha vida parou, perdi o trabalho e me sinto inútil”, afirmou uma das vítimas, que teve a visão do olho direito comprometida. Outro paciente manifestou que nunca imaginou que um procedimento simples como uma cirurgia de catarata pudesse resultar em tal tragédia pessoal. As queixas de desconforto e dor iniciaram imediatamente após as operações, mas, segundo eles, foram desconsideradas pela equipe do AME.

Irregularidades na administração do AME

Durante a investigação, o Ministério Público também identificou outras falhas administrativas sérias no AME, que incluem troca de medicamentos e a falta de seguimento dos protocolos de esterilização e uso de substâncias apropriadas. Além disso, houve evidências de que alterações informais no protocolo médico ocorreram sem a devida documentação ou transparência, o que contribuiu para a falta de comunicação com os pacientes sobre os riscos dos procedimentos.

Os problemas não se limitam apenas às cirurgias; a estrutura física do AME também foi questionada, com referência a condições inadequadas, como cadeiras de tecido que não permitem a devida higienização e estão deterioradas.

Medidas e responsabilidades tomadas

Atualmente, as cirurgias no AME de Taquaritinga estão suspensas, a partir de fevereiro de 2024, após as denúncias feitas pelos pacientes. O Ministério Público requereu que a Justiça mantenha essa suspensão até que todas as irregularidades sejam resolvidas. Além do retorno de melhorias, a instituição também solicita coberturas médicas e psicológicas para os pacientes afetados e a realização de transplantes de retina ou próteses oculares, se necessário.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que todos os profissionais envolvidos nos atendimentos foram afastados e que os pacientes estão recebendo acompanhamento especializado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Uma nova gestão é esperada no AME, com a promulgação de uma sindicância em todas as unidades geridas pela Organização Social de Saúde (OSS) Santa Casa de Franca, buscando assegurar que incidentes similares não aconteçam novamente.

Consequências para a equipe de saúde

O inquérito criminal conduzido pela Polícia Civil ainda está em andamento, e os membros da equipe médica implicados nas operações são apontados como responsáveis pelos danos. O Ministério Público ressaltou ainda que a equipe não tinha permissão para se manifestar sobre as situações aos pacientes, o que gerou uma quebra na confiança do público no serviço de saúde.

Essa situação alarmante traz à luz questões sérias sobre a atuação de instituições de saúde e a necessidade urgente de garantir a segurança e o cuidado devido aos pacientes, em especial os mais vulneráveis, como os idosos. A expectativa é de que a justiça seja feita e que mudanças efetivas sejam implementadas para beneficiar não apenas as vítimas desse caso, mas toda a população atendida pela rede de saúde pública.

Para mais informações sobre a situação, acesse g1 Ribeirão e Franca.

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