A recente falência da GAS Consultoria e Tecnologia, empresa que ganhou notoriedade no Brasil devido ao seu controverso esquema de investimentos em criptomoedas, deixou em alerta mais de 62 mil investidores. O valor total da dívida da companhia soma mais de R$ 3,8 bilhões, conforme anunciado pela 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do juiz Arthur Eduardo Magalhães. Essa situação alarmante reabre debates sobre os riscos de investimentos em plataformas que prometem retornos exorbitantes.
O desfecho da GAS Consultoria
A GAS Consultoria, sob a liderança de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido popularmente como “Faraó dos Bitcoins”, já havia buscado recuperação judicial em maio de 2022. Entretanto, a insustentabilidade financeira da empresa levou a Justiça a antecipar os efeitos da falência em fevereiro de 2023. Essa decisão provocou a paralisia das atividades da companhia e decretou o vencimento antecipado das dívidas, além da indisponibilidade dos bens dos sócios, tudo com o intuito de garantir o pagamento dos credores.
O levantamento realizado pela administração judicial indicou que 74% dos investidores realizaram aportes de até R$ 50 mil. No entanto, essa quantia corresponde a apenas 26% do total da dívida. Por outro lado, 5% dos credores possuem créditos superiores a R$ 200 mil, o que representa 39% do valor da dívida total. Tal cenário mostra a disparidade entre os pequenos e grandes investidores na GAS, evidenciando o impacto desigual que essa falência tem sobre diferentes perfis de credores.
Quem é Glaidson Acácio dos Santos?
Relacionando-se ao nome da empresa, Glaidson Acácio dos Santos carrega uma trajetória marcada por polêmicas. Acusado de liderar uma organização criminosa, Glaidson foi preso em agosto de 2021 durante a Operação Kriptos, da Polícia Federal (PF). O Ministério Público Federal (MPF) o acusa de engendrar um esquema de pirâmide financeira que atraiu um grande número de investidores, prometendo retornos mensais de até 10% sobre os valores investidos.
Atualmente, Glaidson cumpre pena no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, enquanto sua esposa, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, encontra-se detida nos Estados Unidos desde janeiro de 2024, após um período de foragida de mais de dois anos. A combinação da prisão de Glaidson e o enredar de sua empresa em situações financeiras emaranhadas ressalta a complexidade do caso que continua a impactar muitos cidadãos brasileiros, em especial os direcionados por promessas muito além do possível.
As consequências para os investidores
Com a confirmação da falência da GAS, muitos investidores já começaram a se mobilizar para buscar a devolução de seus investimentos. As promessas de retornos altos se mostraram ilusórias, deixando um rastro de frustrações e incertezas. As reuniões e associações de vítimas têm se multiplicado, na tentativa de encontrar caminhos legais para reaver seus valores.
A legislação brasileira prevê medidas para recuperação de ativos, mas o trâmite é muitas vezes complexo e demorado. Com o montante total da dívida sendo considerável e a maior parte dos investidores tendo aportes menores, a situação se torna ainda mais complicada para o grupo que perdeu suas economias na esperança de um futuro melhor.
O aprendizado e o futuro
Este caso traz à tona a necessidade de maior educação financeira no Brasil. Investimentos que prometem retornos elevados em prazos curtos frequentemente apresentam altos riscos e podem resultar em grandes perdas. A falência da GAS Consultoria deve servir como alerta para futuros investidores, que precisam estar sempre cientes da origem das ofertas e das promessas que chegam até eles.
À medida que novos desdobramentos surgem, tanto a Justiça quanto os investidores se preparam para o que pode ser um longo processo de recuperação. A luta pela reparação financeira se coaduna com a esperança de que histórias semelhantes sejam evitadas no futuro.
O caso da GAS Consultoria e Tecnologia se torna um capítulo emblemático nas narrativas sobre o universo das criptomoedas e das promessas de riqueza fácil, lembrando a todos que, em investimentos, o velho ditado “se parece bom demais para ser verdade, provavelmente é” continua a ser válido.
