Nove meses após deixarem inesperadamente o conglomerado de moda Azzas 2154, os fundadores e principais sócios originais da grife Reserva — entre eles Rony Meisler — estão investindo em um novo negócio. Por meio da recém-criada Rebels Ventures, o grupo acaba de se tornar sócio da The Simple Gym, a academia carioca que quer ir além do conceito fitness e se posiciona como uma espécie de “clube de bem-estar”.
O plano de expansão da The Simple Gym
O valor do investimento não foi divulgado, mas o objetivo imediato é aumentar de apenas uma para quatro o número de unidades da rede ainda este ano — todas na Zona Sul carioca — e alcançar um faturamento de R$ 12 milhões anuais. Para 2026, a ambição é gerar R$ 50 milhões em receitas.
— Há uma explosão de clubes na interseção entre academia e bem-estar pelo mundo, até divididos por segmentação de lifestyle. No caso da The Simple Gym, também chamou nossa atenção a jornada do consumidor, com o mínimo de fricção possível — disse Rony Meisler, que fundou a Rebels Ventures ao lado dos parceiros de empreendedorismo Fernando Sigal, José Alberto Silva e Jayme Nigri Moszkowicz.
A proposta inovadora da The Simple Gym
A The Simple Gym surgiu na mesma época em que Meisler e seus sócios deixaram a Azzas, em agosto passado. Os fundadores são os irmãos Gabriel e Gustavo, filhos de uma tradicional família da política de Niterói (RJ), a Oliveira Rodrigues. Gabriel chegou a ser vereador por alguns meses em 2017.
Até agora, a única unidade da The Simple Gym funciona em Botafogo, um bairro que se repaginou nas últimas décadas e se tornou um dos destinos preferidos de jovens Millennials e da Geração Z de classe média alta.
— Antes de abrir a The Simple Gym, participamos de processos de franquia das redes estabelecidas. Elas se diferenciavam por cor, mas, no fundo, era tudo a mesma coisa. Enquanto isso, vimos que o bem-estar holístico era uma tendência lá fora, onde se vai à academia não só para ter um corpo bonito — explicou Gabriel Rodrigues. Ele ressalta que o irmão mais novo, formado em gestão esportiva pela Southeastern University, está também ativo no projeto.
Estrutura e atividades oferecidas
Para trazer a filosofia do bem-estar, os fundadores estruturaram a The Simple Gym em áreas específicas: musculação e cardio (Strength); bioimpedância 3D (Power); treinos de alta intensidade (Energy); pilates (Balance); e banhos de gelo para recuperação (Recovery). Está nos planos a oferta de uma sauna infravermelha. Diferentemente das concorrentes, as mensalidades dão direito a mais de um desses “pilares”, promovendo a prática de várias atividades — o que encantou Rony Meisler pelo conceito de “mínimo de fricção”.
— Nosso público-alvo é justamente a Geração Z e os Millennials, que privilegiam o conceito de comunidade. Muitas academias colocam música eletrônica alta para que o cliente fique o menor tempo possível na unidade. A gente quer o contrário: queremos que ele fique o maior tempo possível — contou Gustavo Rodrigues.
Inovação no marketing e precificação
A conexão com o público mais jovem se reflete em espaços dedicados à produção de conteúdo pelos clientes dentro da academia. Antes da Rebels, os fundadores também trouxeram a influenciadora Manuela Cit para o quadro societário, com 1,6 milhão de seguidores no Instagram, promovendo sua rotina de treinos de forma autêntica. O modelo é um arranjo do tipo “media for equity”, em que ela se torna sócia em troca da promoção da marca.
A The Simple Gym quer se diferenciar também em termos de preço, com planos que variam de R$ 167 (mensal do plano semestral de apenas musculação e cardio) a R$ 327 (plano sem fidelidade, com direito a banheira de gelo). Essa faixa de preço a posiciona entre as academias de bairro e as redes que miram a classe A.
— Entendemos que havia um “gap” de preço nesse nível intermediário que ninguém estava explorando — acrescentou Gustavo.
Desafios e perspectivas futuras
Em nove meses de operação, a marca já atraiu 2,5 mil clientes, além de usuários que frequentam o espaço por meio do Wellhub (antigo Gympass). No último ano — essencialmente em apenas quatro meses —, o faturamento foi de R$ 1,5 milhão.
O desafio para a The Simple Gym é ganhar escala em um segmento onde redes ultracapitalizadas, como a Smart Fit, travam concorrência acirrada. A Smart Fit, avaliada em quase R$ 14 bilhões na Bolsa, possui 1.759 unidades e fatura quase R$ 6 bilhões por ano. A rival menor, Bluefit, conta com o apoio do fundo soberano de Abu Dhabi, um dos principais sócios de negócios no Brasil.
Um dos trunfos da The Simple Gym nessa competição dura é a expertise dos sócios da Rebels Ventures em criar marcas do zero.
— Nós não seremos os protagonistas; seremos coadjuvantes da The Simple Gym, pois o que estamos aportando é muito mais capital intelectual do que material. Não à toa, não somos um fundo, somos um “venture builder”. O nosso trabalho é ajudar empreendedores nos setores de saúde e bem-estar a criar audiência, comunidade e, nesse looping de feedback, oferecer produto e serviço. Foi o que fizemos na Reserva, mas não funciona apenas com moda — finaliza Rony Meisler.
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