Nesta quarta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez críticas contundentes à postura da primeira-dama, Janja da Silva, durante uma viagem à China, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu agenda oficial. O embate gira em torno de declarações feitas por Janja sobre a rede social chinesa TikTok, que supostamente causaram constrangimento na reunião com o presidente chinês, Xi Jinping.
A polêmica em torno do TikTok
De acordo com o presidente Lula, foi ele quem iniciou a discussão sobre o TikTok, enquanto Janja pediu a palavra para abordar os abusos cometidos na plataforma. A polêmica ganhou força após veiculações na Globo News, que mencionaram um mal-estar no jantar e citaram a resposta de Xi Jinping, afirmando que o Brasil tem o direito de regulamentar a rede social e até banir o aplicativo se assim considerar necessário.
O TikTok, que pertence a uma empresa chinesa, representa um ponto de tensão nas relações internacionais, especialmente entre os Estados Unidos e a China, por conta das pressões do governo americano para a venda da TikTok nos EUA.
Bolsonaro chama a participação da esposa de Lula de “vergonha”
Em entrevista ao UOL, Bolsonaro não economizou nas palavras ao criticar a presença de Janja na reunião. O ex-mandatário descreveu a participação dela como um “vergonha”, enfatizando que o Brasil deveria alinhar sua economia com os interesses dos Estados Unidos, e expressou preocupação com o fortalecimento da China no cenário global.
— O tamanho do Brasil e a sua economia interessam estarem alinhados aos Estados Unidos. Hoje, o Lula vê com preocupação a China cada vez mais forte. Você vê o Lula lá fora e dá vergonha de ver o comportamento dele — declarou.
Além disso, Bolsonaro questionou os acordos comerciais celebrados entre o governo brasileiro e o chinês. Ele relembrou um número significativo de acordos assinados no final do ano passado, afirmando que Lula se entrega “de corpo e alma” aos interesses chineses.
Respostas das figuras políticas aliadas de Bolsonaro
Os aliados de Bolsonaro também se manifestaram de maneira crítica em relação à primeira-dama. O deputado Federal Nikolas Ferreira (PL-MG) utilizou suas redes sociais para comentar a situação, ironizando que nem o próprio Xi Jinping teria endossado a narrativa de Janja sobre os algoritmos do TikTok.
Outro aliado, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Janja tentava “lacrar” durante um encontro diplomático, provocando uma “vergonha internacional” ao criticar o TikTok na presença de Xi Jinping. Afirmou ainda que a posição de primeira-dama não é a de chanceler e destacou que a diplomacia não deve ser um palco para esse tipo de exibição.
Lula tenta amenizar a situação
Enquanto críticas se acumulam, Lula se esforçou para minimizar o impacto do episódio. Em respostas a perguntas da imprensa, o presidente destacou que ele mesmo havia levantado a questão, pedindo ao presidente chinês para que enviasse uma pessoa de sua confiança para discutir a questão digital e o TikTok. Janja, segundo Lula, pediu a palavra para expor os problemas enfrentados no Brasil, especialmente no que toca às mulheres e crianças.
Em um momento onde as relações Brasil-China estão sob os holofotes, é evidente que o incidente durante o jantar oficial gerou reverberações políticas e repercussões que vão muito além das opiniões pessoais de cada figura envolvida. Enquanto isso, a busca de um alinhamento estratégico entre Brasil e China continua, contrapondo interesses nacionais e pressões internacionais.