Na última quarta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou que está custeando a permanência do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos com parte dos R$ 17,2 milhões que recebeu em 2023 por meio de doações via Pix. Esses recursos foram angariados para cobrir multas que o ex-presidente acumulou durante seu governo, incluindo penalidades relacionadas à má gestão da pandemia de Covid-19.
A escolha de Eduardo Bolsonaro
Eduardo se encontra licenciado do cargo na Câmara desde março e decidiu permanecer em solo americano, o que ele classifica como uma medida de proteção contra o que acredita ser uma perseguição política tanto a ele quanto a seu pai. Em um vídeo recente divulgado em suas redes sociais, o deputado fez menção a uma possível prisão ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, vale ressaltar que até o momento ele não foi indiciado ou denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na investigação sobre a tentativa de golpe ocorrida em janeiro de 2023.
O apoio financeiro e as críticas
O ex-presidente Bolsonaro, em suas declarações, enfatizou que sem as doações feitas via Pix, não teria como sustentar as despesas do filho. “Ele está sem salário e fazendo o seu trabalho de interlocução com autoridades no exterior”, explicou. A expectativa de Jair Bolsonaro é que Eduardo dispute uma vaga no Senado em 2026, embora o parlamentar continue optando por sua licença, que pode durar até 120 dias. “Eu não quero ficar longe do meu filho, um afastamento familiar”, confessou o ex-presidente.
Além disso, Eduardo anunciou que permanecerá nos Estados Unidos com a missão de “lutar” pela anistia dos detentos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro, e afirma que só retornará ao Brasil quando o ministro Alexandre de Moraes for punido por “abuso de autoridade”. Na ocasião de sua licença, o deputado estava cotado para assumir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, um cargo que, conforme analistas políticos, poderia facilitar uma aproximação institucional com o governo americano, então liderado por Donald Trump.
A arrecadação através do Pix
No início de 2023, a chave Pix de Jair Bolsonaro foi amplamente divulgada nas redes sociais por ex-ministros e parlamentares do PL, com o intuito de incrementar a arrecadação. Recentemente, a Justiça de São Paulo decidiu bloquear R$ 87.000 nas contas de Bolsonaro devido ao não pagamento de multas aplicadas durante a pandemia, decorrentes de três visitas que ele fez ao Estado em 2021. Essas circunstâncias estão alimentando a controvérsia em torno da gestão financeira do ex-presidente e suas estratégias de arrecadação.
Perfis dos apoiadores
Entre os que contribuíram via Pix, destacam-se doadores significativos, como uma empresária do agronegócio que doou R$ 20 mil, um empresário da construção civil que fez uma contribuição de R$ 10 mil e um escritor que também aportou R$ 10 mil. Ao total, foram registradas 769.717 operações de Pix em um período de seis meses, segundo dados de um órgão de inteligência financeira. As assessorias de comunicação e defesa de Bolsonaro foram contatadas, mas não forneceram declarações até o momento.
Essa situação levanta diversos questionamentos sobre os limites da arrecadação política no Brasil e sobre como os recursos financeiros afetam a dinâmica do cenário político. O uso de doações por meio do Pix como estratégia de financiamento se mostra uma tática ousada, mas repleta de riscos em um ambiente político cada vez mais polarizado.
À medida que a história se desenrola, a permanência de Eduardo nos Estados Unidos e o papel das doações via Pix estão se tornando tópicos centrais no debate público sobre ética e transparência na política brasileira.