Brasil, 14 de maio de 2025
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Brasil e EUA: desafios e oportunidades em 200 anos de relações

Bruna Santos analisa a cooperação Brasil-EUA em tempos de polarização política e desafios globais.

As relações entre Brasil e Estados Unidos completam 200 anos em um contexto desafiador e promissor. A diretora do Brazil Institute do Woodrow Wilson Center for Scholars, Bruna Santos, ressalta que este é um momento único para a colaboração entre os dois países, especialmente em áreas como combate à desigualdade e transição energética. Contudo, essa cooperação depende de uma comunicação clara e do entendimento mútuo, algo que tem sido ausente ao longo da história bilateral.

Oportunidades de colaboração em meio a desafios comuns

Santos acredita que tanto o Brasil quanto os EUA enfrentam desafios semelhantes em suas democracias, marcadas pela polarização política. Ela destaca que ambos os países precisam demonstrar que podem fornecer soluções efetivas para os problemas sociais e ambientais. “Pela primeira vez, o Brasil e os Estados Unidos são países que se olham no espelho”, afirma.

De acordo com a diretora, desafios como a mudança climática e a segurança alimentar são questões que afastam as democracias de seus cidadãos e que exigem políticas públicas eficazes. Santos propõe uma agenda colaborativa focada na economia verde, já que as duas nações compartilham objetivos em áreas como a política industrial e a construção de infraestrutura para facilitar a transição energética.

A importância da cooperação concreta

Apesar das oportunidades, Santos observa que a cooperação efetiva ainda é limitada. Ela menciona que a política externa dos EUA historicamente tem negligenciado a América Latina, e isso inclui o Brasil. “Hoje, sinto um pequeno despertar na política americana em relação a essa negligência”, observa. Contudo, ela também aponta que iniciativas passadas em colaboração bilateral foram superficiais e que a substancialidade das parcerias ainda precisa ser aprimorada.

Impactos da polarização nas relações Brasil-EUA

A polarização política, em ambos os países, pode atrapalhar a construção de laços mais profundos. Santos alerta que, caso Donald Trump retorne à presidência, a relação pode ser ainda mais tumultuada, elevando a politização nos temas de comércio e investimentos. “O Brasil não era visto com lentes polarizadas, mas isso está mudando, e isso me preocupa”, ressalta.

A reindustrialização e as vantagens comparativas do Brasil

A entrevista abordou também a agenda de reindustrialização do Brasil. Santos acredita que a reindustrialização pode prosperar se baseada em vantagens comparativas, e aponta áreas como a indústria de semicondutores e a matriz energética limpa como oportunidades importantes. “É crucial que o Brasil explore suas vantagens para atrair investimentos”, afirma.

Contudo, ela observa que a falta de ambição no setor privado, bem como na política americana, ainda impede progressos significativos. Santos ressalta que a falta de acordos de livre comércio não deve ser um empecilho a longo prazo, mas é uma barreira imediata que deve ser superada para que a colaboração entre os países avance.

Desafios na gestão de riscos geopolíticos

No contexto atual, a relação do Brasil com a China também é um fator vital. Santos explica que, ao buscar uma política de gestão de riscos, o Brasil se vê em uma posição delicada, balançando entre potências globais. “O problema é que o número de pernas é limitado”, diz, referindo-se à dificuldade de gerir múltiplas alianças sem comprometer a autonomia nacional.

Relação Brasil-EUA em um mundo pós-pandemia

Além dos aspectos políticos e econômicos, Santos acredita que a interação cultural entre Brasil e Estados Unidos também é um tema a ser explorado. A diáspora africana e os costumes compartilhados podem servir como base para uma conexão mais profunda entre os povos. “As sociedades são semelhantes, e as culturas se entrelaçam, o que oferece uma vantagem competitiva em relação a outras potências”, diz Santos.

Concluindo, Bruna Santos enfatiza que, apesar dos desafios atuais, as últimas décadas podem abrir portas para um futuro de colaboração real entre Brasil e EUA. A construção de um diálogo mais aberto e uma compreensão mútua são passos essenciais para fortalecer as relações e, assim, conseguir resolver questões críticas que afetam ambos os países.

Com um mundo cada vez mais polarizado e um Brasil à busca de seu espaço no tabuleiro geopolítico, os próximos passos nas relações Brasil-EUA podem ser decisivos para o futuro de ambos. A esperança é que o 200º aniversário possa marcar não apenas uma reflexão sobre os dois séculos de história, mas também a construção de um novo caminho de cooperação e entendimento.

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