A recente participação do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas gerou uma onda de reações entre políticos mineiros. Durante o depoimento da influenciadora Virgínia Fonseca, o senador foi criticado por um comportamento que muitos consideraram inadequado, ao aproveitar o momento para pedir uma saudação pessoal da influenciadora para sua esposa e filha. Essa atitude não apenas provocou risadas, mas também forneceu material político ao ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (sem partido), que anunciou sua candidatura ao governo de Minas Gerais.
Reação de Alexandre Kalil e as tensões internas
“Depois dessa, definitivamente, sou candidato a governador de Minas”, declarou Kalil, utilizando a situação para alavancar sua própria campanha. Embora o anúncio não tenha sido totalmente inesperado—uma vez que o interesse de Kalil já havia sido previamente mencionado—sua manifestação pública marca um novo capítulo na disputa política dentro do partido de Cleitinho, o Republicanos.
No passado, Kalil considerou se filiar ao partido, mas a formalização não se concretizou. As divisões internas são evidentes: enquanto a ala municipal tende a apoiar Kalil, a estadual parece favorecer Cleitinho, que, segundo a última pesquisa da Quaest, lidera as intenções de voto com 33%, enquanto Kalil aparece com 16%.
Embora esteja na frente nas pesquisas, a vontade de Cleitinho de entrar em uma corrida pelo Palácio Tiradentes é incerta. Em pronunciamento no Senado, o parlamentar expressou sua desilusão com a política e admitiu que poderia considerar deixar o cargo público. “Se eu continuar liderando as pesquisas, vou escutar o povo”, afirmou, mantendo em aberto seu futuro político.
Críticas à postura do senador
A postura de Cleitinho durante a CPI não passou despercebida e foi alvo de críticas de seus pares no Legislativo mineiro. A deputada estadual Lohanna França (PV) classificou a atitude como “inadequada”, aludindo ao fato de que o senador estava, de certa maneira, tomando o espaço da CPI para uma questão pessoal:
“Não, você não leu errado. O senador da República, Cleitinho, usou seu tempo na CPI das Bets para pedir que a influenciadora Virgínia mandasse um beijo pra esposa dele. O Brasil virou um circo — e a gente é a plateia sendo feita de palhaça”, disparou nas redes sociais.
Além disso, a deputada federal Duda Salabert (PDT) levantou questionamentos sérios sobre a moralidade da relação de Cleitinho com a influenciadora, considerando que Virgínia “lucrou com o vício e a dívida dos pobres”: “A influenciadora Virgínia Fonseca — que lucrou com o vício e a dívida dos pobres — é tratada como estrela pelo senador Cleitinho na CPI das Bets”, criticou em sua publicação. Nos bastidores, políticos mencionaram que o comportamento do senador poderia ser motivo de chacota e considerado incompatível com a candidatura ao governo.
O que aconteceu na CPI?
Durante a audiência com Virgínia, Cleitinho surpreendeu ao solicitar um vídeo direcionado à sua esposa e filha, mostrando um lado incomum e pessoal de sua participação. “Aqui, manda um abraço para Amanda (minha esposa) e Laisa (minha filha)”, solicitou Cleitinho. A influenciadora atendeu ao pedido em sua resposta: “Amanda e Laisa, obrigada pelo carinho”, disse, conectando suas emoções diretas à família do senador.
Antes dessa cena, Cleitinho tinha defendido publicamente Virgínia, argumentando que o Congresso “não tem moral” para julgá-la. Ele expressou, inclusive, um certo orgulho por ser consumidor dos produtos dela e fez um apelo para que a influenciadora deixasse de promover casas de apostas, sugerindo que ela focasse em outros produtos: “Você não precisa mais disso”, aconselhou.
“Acaba com isso, não faz mais esse tipo de propaganda. Divulga seus pré-treinos. Inclusive, tomei seu pré-treino hoje. Maravilhoso”, elogiou o senador, tentando conectar sua imagem à de Virgínia de forma positiva.
Perspectivas futuras para Cleitinho e Kalil
Enquanto Cleitinho lida com as críticas e sua própria hesitação sobre o futuro político, Kalil parece encontrar uma oportunidade de afiançar sua posição como candidato viável. A situação rapidamente evolui na política mineira, e os cidadãos acompanham de perto como essas tensões internas podem moldar a paisagem eleitoral do estado nos próximos meses.
Assim, o que poderia ser apenas um depoimento na CPI das Apostas Esportivas se tornou um ponto de inflexão na política mineira, com repercussões que vão além do que foi discutido na sala da comissão.
