A famosa rede de donuts dos Estados Unidos, Krispy Kreme, fez sua estreia no Brasil e a recepção não poderia ser mais entusiasmada. Desde a inauguração da primeira unidade em São Paulo, no dia 29 de abril, o público tem formado filas de até quatro horas para provar as icônicas rosquinhas “instagramáveis”. A localização na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, uma das áreas mais caras da cidade, tem atraído uma multidão tão grande que muitos se perguntam o que justifica essa espera prolongada.
A febre dos donuts e o “lifestyle” norte-americano
Com mais de 2.000 lojas em operação ao redor do mundo, incluindo pontos turísticos icônicos como Times Square e a Disney World, a Krispy Kreme não é apenas uma loja de donuts, mas uma experiência de consumo que evoca o sonho americano. O que se vê na fila, segundo a socióloga Camila Crumo, é um fenômeno ligado à busca por autenticidade e a influência da cultura pop dos Estados Unidos. “As pessoas querem consumir a experiência de algo que, até então, era considerado inacessível”, explica.
Na última sexta-feira (9), o g1 visitou a loja e conversou com os clientes que estavam em fila sob o calor de 30°C. O tempo médio de espera foi de cerca de uma hora, mas a fila não parecia diminuir, e até impaciência se manifestou entre alguns clientes. “Vale cada centavo”, afirmou Silvia Martins, uma das clientes, que sonhava em reviver a experiência que teve na Disney. Ao lado do filho adolescente, ela revelou que cada donut varia de R$ 11,90 a R$ 15,90, e que ela gastou cerca de R$ 145,70 em sua visita.
Custos altos e a experiência de compra
Em um cenário onde o custo de uma caixa com 12 donuts personalizados é de R$ 99,90, a experiência não se limita apenas aos doces. Os clientes precisam pagar entre R$ 25 e R$ 60 no serviço de valet, pois a loja não oferece estacionamento, algo que surpreendeu muitos frequentadores. A doméstica Sandra Gonçalves, que foi buscar donuts para o aniversário da filha de sua patroa, inicialmente se assustou com a fila, mas conseguiu driblar a espera ao conseguir atendimento preferencial.
O marketing utilizado pela Krispy Kreme desde antes da inauguração, incluindo uma ação de distribuição gratuita de amostras em áreas próximas, ajudou a criar uma espécie de “hype” em torno da marca. As filas longas têm servido como uma poderosa estratégia de marketing por si só, atraindo ainda mais curiosos e amantes de gastronomia. Para muitas pessoas, a fila é vista como parte da experiência.
O fenômeno das filas e a influência das redes sociais
A expert em comportamento do consumidor, Daniela Klaiman, fala sobre a “mainstreamização” da experiência de consumo, onde a busca pela validação social e pertencimento leva as pessoas a escolherem produtos populares e a experimentar lugares que estão em destaque nas redes sociais. “É como se a validação externa se tornasse prioridade em vez do simples prazer de consumir um produto”, observa.
Durante a visita, notou-se que a loja também foi projetada com várias áreas “instagramáveis”, onde os clientes podem tirar fotos e compartilhar nas redes sociais, acrescentando um apelo visual à experiência. Vitória Tomé, uma jovem estudante, relatou que o sabor dos donuts é idêntico ao que conheceu nos Estados Unidos, confirmando a expectativa gerada pela marca.
Em uma sociedade cada vez mais conectada, a interseção entre cultura digital e hábitos de consumo se torna evidente, e as filas diante da Krispy Kreme refletem não somente a popularidade dos produtos, mas também um desejo mais profundo de experiências compartilhadas. Embora alguns clientes relatem que preferem evitar filas, muitos se rendem à tentação e às promessas de sabores nostálgicos e diferenciados.
A Krispy Kreme, com suas rosquinhas icônicas e a experiência de compra envolvente, não só chegou ao Brasil pela primeira vez, mas também se consolidou rapidamente como um ponto de encontro das pessoas que buscam reviver momentos, seja com um donut na mão ou na expectativa de uma fila que parece nunca ter fim. Com seu mix de produto, marketing eficiente e a busca incessante por experiências autênticas, a marca promete manter o público nas filas por um tempo considerável.
O verdadeiro desafio agora será ver se essa febre permanece ou se, como muitas modas, se apagará com o tempo. Por enquanto, a espera pelas rosquinhas está longe de acabar.